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Opinião
01/06/2008 - 10h18
Triste destino
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Hoje (27) os jornais deram conta do desastre que foi a apuração do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes, que bateu record negativo em abril, só encontrando equivalente histórico nos anos quarenta do século passado. Triste destino de nosso país, governado por gente pródiga, que gera as condições para sempre, de forma recorrente, afundarmos em crises externas. Esses números não foram nenhuma surpresa para aqueles que acompanham meus artigos. A única surpresa, se há, é que a dura realidade chegou mais cedo do que eu mesmo esperava.

Haverão de dizer que o déficit (ainda) é financiável e que o fluxo de capitais de risco foi bom. Correto. Mas nunca deveremos esquecer que essa situação de fartura de capitais pode cessar se os EUA mudarem sua política monetária, como de fato eu espero que faça. Uma elevação na taxa de juros naquele país pode fazer secar as fontes de financiamento com muita rapidez, como aconteceu nos dramáticos anos oitenta. Eu vivi aquela crise intensamente, lembro como se fosse hoje o Governo Figueiredo mudando a política salarial e administrando o caos internacional. Fez o que deveria fazer.

O que mais me preocupa é a tendência. Se o déficit vier a crescer nessa proporção, em seis meses, mesmo que nada aconteça de novo na economia internacional, a coisa desanda por aqui. E também me preocupa o fato de que um governo petista jamais teria a coragem e o discernimento de Figueiredo: não mexerá na política salarial, nem nos gastos públicos e nem nas aposentadorias, as causas principais determinantes do excesso de consumo que ocorre no momento. Esse é o governo do tapinha nas costas, incapaz de administrar a crise.

Lula veio agora com a conversa de que o fim da CPMF não reduziu os preços. Como haveria de ter queda nos preços com a enorme pressão de custos e de demanda que vivemos? Nosso apedeuta presidente está a procura de um discurso para posar de salvador da pátria para os povo miúdo. Como não tem condições políticas de pôr o pé no breque da expansão das despesas, quer passar a conta para os pagadores de impostos ainda uma vez. Aí inventa essas teses esdrúxulas, que algum aspone lhe soprou às orelhas. Um discurso verdadeiramente deprimente. Fico com a sensação de que o governo está perdido, embora alguns dos seus membros saibam da gravidade das coisas e do que precisa ser feito, mas a estrutura de poder não permitirá que a racionalidade se imponha.

Infelizmente, percebo que o Brasil poderá sangrar até a morte e esses pródigos nada farão, sempre de olho nas eleições. Espera-se do Estado que faça a sua parte, que seja racional e consistente, na moeda e nos gastos. Estamos a ver a negação desses pressupostos. A corda haverá de arrebentar. O governo do PT pode acabar como uma quarta-feira de cinzas, a desesperança depois das ilusões da passarela. Já posso ouvi-lo cantando em coro o seu bardo preferido, Chico Buarque, aqueles seus versos imortais:

“Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser”

Haverá choro e ranger de dentes.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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