O Brasil precisa, urgentemente, assentar famílias camponesas. No campo. Nos últimos anos houve assentamentos nas cidades. Nas periferias destas, para ser mais específico. Assentamentos espontâneos. Hordas famintas em busca da sobrevivência. O MST é visto de forma passional. A classe média urbana, que confunde viver bem com comprar, abomina o movimento. Opinião formada pela mídia. Barões mídiáticos, como os nobres em geral, temem perder com mudanças, quaisquer mudanças. A esquerda moderada desconfia do MST, a esquerda radical apóia, sem ter uma visão clara das pretensões do movimento. As esquerdas, de forma generalizada, nunca entenderam o que acontece no campo. Na Rússia, Stalin e seus pares mataram cinco milhões de pequenos proprietários rurais. Para nada. De qualquer forma, o que pensa a esquerda radical não conta. É uma espécie em extinção. O MST observado sem preconceitos, merece respeito e consideração. Constitui a única tentativa real já feita neste país para atingir o capitalismo. Capitalismo de fato, base para uma democracia duradoura. A contradição está na essência do movimento, que pretende o avesso do avesso. Quer uma sociedade socialista, mas antes, pretende assentar famílias e fazer com que prosperem. Aí mora a contradição. Quem tem o que perder é conservador. É da natureza humana. O homem assentado, ganhando dinheiro, vai querer tudo, menos mudanças. Como tornar socialista um país de milhões de proprietários? Stédile é quem deve responder. O socialismo pregado pelo MST não condiz com a prática do MST.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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