08/09/2025  09h50
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
09/06/2008 - 17h29
O amor e o Ipod
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Tenho uma amiga gay que procura namorada e um casal, também de mulheres, chegadas dela, arrumaram uma pretê que oficialmente era tudo de bom. Moça fina, bonita, bacana, ganha bem, onde está a pegada, já que nada é perfeito? Minha amiga, que é além de tudo isso dona de fino gosto musical, locutora e DJ, horrorizou no primeiro encontro, aquele no qual a gente esconde cuidadosamente os defeitos – sempre dá tempo de descobrir dali para frente – e ressalta as qualidades.

Pois a moça encomendada contou que adorava música sertaneja e tem mais: o passatempo favorito era cantar no karaokê. Minha amiga ficou desconsolada, achou que não sobreviveria à trilha musical da pretê, que literalmente falaria mais alto que toda a lista das qualidades anunciadas. Ao mesmo tempo achou judiaria abrir mão, afinal de contas o resto compensava, e ela estava matando cachorro, ou melhor, cachorra a grito.

Veio me contar o problema e consegui achar, senão solução, pelo menos um bom paliativo. Nada que um novo e bom Ipod não pudesse resolver. Quando a prometida quisesse ouvir música, ela colocaria o Ipod e minha amiga ficaria no som ambiente, no som de Deus ou qualquer outra coisa que não maltratasse tanto suas crenças musicais. E quando a princesa sem sorte resolvesse exibir os dons vocais no karaokê, a namorada poderia levá-la, compartilhar o programa como qualquer casal que se preze, a bordo do Ipod. Tal atitude civilizada economizaria não só discussões inúteis, como a transformaria em um símbolo de tolerância em um mundo tão necessitado dela.

Se meus parcos e amados leitores gostarem da história, saibam que ainda não tenho o fim dela. Não sei se a solução funcionou, mas juro que vou apurar, mesmo porque alguns minutos de Ipod podem valer mais, muito mais, que muitas palavras.


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.