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Crônicas
18/06/2008 - 10h17
Como gato e cachorro
Juarez José Viaro
 

O ser humano é um projeto de Deus que Ele abandonou... Penso isso toda vez que vejo alguém passeando com seu cãozinho de estimação. Aliás, quero deixar bem claro, em primeiro lugar, que não tenho nada contra animais de estimação. Eu mesmo tive vários cachorros quando criança. Só não tenho mais porque moro em apartamento e acho uma maldade ter cachorro neurótico.

Um dos meus vizinhos de prédio tem um desses cachorros enormes, de raça. E se acha no direito de subir com ele pelo elevador social. Aliás, morar em prédio de apartamentos é complicado. Temos que conviver e suportar o ‘outro’... E o outro nem sempre é como a gente gostaria que fosse. O outro fuma. O outro tem cachorro feroz ou fedido, o outro usa furadeira em fim de semana ou à noite, o outro faz festas barulhentas que atravessam a madrugada.

Hoje eu estava num shopping, jantando com um amigo, quando ouvi um latir de um cãozinho. Olhei para os lados e numa das mesas havia uma família com um cãozinho preso em uma das cadeiras. Nada contra, desde que ele não viesse até minha mesa comer comigo. Um belo cão, bem cuidado, deveria ser cheiroso, com roupinha de lã etc. etc. Mas, ainda um cão. Nesse mesmo shopping eu vi uma vez um cãozinho fazer suas necessidades no meio de um corredor e seu dono sair tranqüilamente como se nada tivesse acontecido... E os seguranças chegaram e isolaram a área, para não haver problemas maiores.

Lembrei-me de um dia, almoçando num restaurante. Estava comendo carne de frango, com osso, quando senti pedacinhos de ossos na boca. Fui tirando um a um da boca e colocando num canto do prato. Ao final do almoço, chamei o gerente do restaurante e mostrei as lascas de ossos de frango. Ponderei que ele deveria alertar a cozinheira sobre o perigo daqueles ossos lascados. Que alguém poderia engolir e ter algum problema, até mesmo uma perfuração intestinal, e blablablá. Ele concordava com tudo que eu dizia e disse que iria alertar a cozinheira, mas que achava que o frango já vinha cortado do açougue e concluiu:
- Até mesmo para os cachorros não devemos dar pedaços de ossos, pois podem se machucar...

Pensei um pouco na comparação e concluí:
- Sem dúvida, se não se pode dar para os cachorros, muito menos pra mim...

Ele percebeu que tinha feito uma comparação infeliz e ficou ‘ruborizado’, como se dizia antigamente, quando as pessoas ainda tinham vergonha. E lá estava eu diante de uma comparação com cachorros e saí perdendo.

Eu adoro provocações e uma vez comentei com um amigo, que tem vários cães em casa, que se eu fosse Presidente da República baixava um Decreto-lei criando um imposto para quem tivesse animal de estimação. Aliás, não um imposto, mas uma compensação. Quem tivesse animal de estimação deveria sustentar também uma criança abandonada. Afinal não é justo ver um cão todo confortável num carro, bem-cuidado, bem-alimentado, o que, aliás, ele merece ter, mas ver também uma criança na rua, lavando o pára-brisa do mesmo carro, colocando balas no retrovisor ou simplesmente pedindo esmolas. Sei que isso é demagógico, o dono do cão paga impostos etc., blablablá. Mas o ser humano está esquecendo de cuidar do ser humano, ou pelo menos cuida melhor dos animais de estimação. Aí ouvi mil comentários do tipo, ‘eu pago impostos’, ‘quem deve retirar as crianças da rua é o próprio Presidente’ e ‘tenho direito a ter um cão de estimação e cuidar dele com meu dinheiro’ etc. blablablá... Bom, depois de quase perder um amigo, pensei cá com meu zíper:

- Por que fui ter uma idéia maluca dessas? Afinal, crianças abandonadas são um problema social e animal de estimação é uma opção pessoal, tem quem quer, assim como filho, tem quem quer e se os pais puseram no mundo, deveriam criar e outros idéias um pouco, digamos, preconceituosas.

Desisti do meu Decreto-lei. Afinal não sou o Presidente. Nem sou Deus, que criou o homem e o abandonou e deixou brigando como gato e cachorro. Ops!


Nota do Editor: Juarez José Viaro é jornalista e escritor.

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