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Crônicas
22/06/2008 - 08h19
Pétalas femininas
Fábio de Lima
 

I- Sensibilidade

Isadora escrevia poesias. Com nove anos já brincava com as palavras e fazia rimas de sons e pensamentos. Quando cresceu, não poderia ser outra coisa senão uma escritora e poetisa. Escreveu muitos livros. Foi traduzida em diversos idiomas. Ficou famosa e teve muitos de seus textos adaptados para o teatro e para o cinema.

O tempo passou e tudo saiu, exatamente, como os planos de Isadora. Além de escritora famosa, formou uma família muito bonita, toda ela com os mesmos valores e princípios que a mulher e escritora sempre defendeu. Resolveu, por conta própria, aposentar-se como escritora ao completar setenta anos de idade. Publicou seu último romance com o nome “Páginas Felizes”, e nele contou a história de sua vida.

II- Reviravolta

Rita de Cássia adorava o mar. Com onze anos já falava que achava o mar a coisa mais bonita que Deus inventou. Quando cresceu, virou bióloga marinha e tinha em sua profissão uma diversão pura. Nunca achou que aquilo fosse trabalho, mas, se havia quem lhe pagasse dinheiro para estar no mar em contato direto com as mais encantadoras espécies marinhas, que assim o fosse.

O tempo passou e quase tudo saiu como os planos de Rita de Cássia. Até que um dia, mergulhando no litoral mexicano, algo saiu errado. Faltou oxigênio no botijão de ar que carregava às costas ou, por algum motivo, esse oxigênio não chegou aos pulmões da bióloga. Ela tentou usar de toda sua experiência para conseguir subir com segurança até a superfície, mas, quando conseguiu, seu cérebro havia sofrido problemas irreparáveis. Atualmente a bióloga marinha vive 24 horas sobre uma cama, em total estado vegetativo.

III- Destino

Mariana vivia na roça. Com treze anos já sonhava em ser médica, embora a vida simples que levava ao lado de seus pais e nove irmãos não contribuísse para sonhos muito bonitos. Diante das dificuldades e caminhando por mais de uma hora, todos os dias, até chegar à escola, pensava no dia que se formaria em medicina e, também, em qual seria a merenda escolar, já que essa seria sua principal refeição do dia.

O tempo passou e quase tudo saiu como os planos de Mariana. Ela cresceu e foi estudar na cidade. Conseguiu terminar os estudos básicos e chorou de alegria quando, mais tarde, conseguiu uma bolsa de estudos de uma ONG alemã para fazer medicina aqui mesmo no Brasil. Formou-se aos vinte e cinco anos, mas, num acidente de carro, faleceu três meses depois de formada – deixando seus pais e irmãos sofrendo na roça.

IV- Mudanças

Alice estava grávida. Com quinze anos seu corpo já era de mulher, mesmo todo o restante ainda sendo de menina. Abortar não estava em questão. A idéia de casar também não passava por sua cabeça. Certamente seus pais a ajudariam com o filho. No começo haveria brigas, constrangimentos, tristezas – mas com o tempo as coisas se ajeitariam. Para tudo havia um jeito, menos para a morte, pensava.

O tempo passou e tudo saiu, exatamente, como os planos de Alice. Sua filha se chamou Ana Paula. Uma menina linda com cabelos pretos iguais aos da mãe e com olhos castanhos escuros que, infelizmente, não ajudaram Alice saber, com exatidão, quem era o pai. Alice viveu intensamente seus primeiros quinze anos de vida e, mesmo que não se arrependesse de tudo que fez, sabia que sua vida havia mudado.

V- Felicidade

Emanuela iria casar. Com dezessete anos ainda era jovem para um casamento, mas sua decisão estava tomada. Casaria e seria muito feliz, porque amava seu namorado e ele também a amava. O casamento foi marcado para o mês de agosto e tudo ocorreu como era desejado. Teve orgulho de si mesma ao entrar na igreja. Nos olhos dos pais, parentes e amigos viu refletida a sua felicidade em momento tão lindo.

O tempo passou e tudo saiu, exatamente, como os planos de Emanuela. Foi muito feliz no casamento. Seu marido foi o melhor marido do mundo e ela também lhe retribuiu os sentimentos durante toda a vida. Teve um casal de filhos, cinco netos e nove bisnetos. Viveu na cidade grande até os cinqüenta e três anos e depois disso curtiu sua velhice ao lado do marido em uma cidade nordestina, falecendo somente quando já se aproximava dos cem anos.


Nota do Editor: Fábio de Lima é jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.

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