A imprensa não se deixou intimidar por algumas decisões controversas da Justiça Eleitoral. Depois de reagir timidamente à proibição de entrevistas de candidatos antes da homologação nas convenções partidárias, jornais e revistas tomam a direção correta: seguem praticando o jornalismo e deixam o debate para os juristas. A imprensa enfim levanta a cabeça e enfrenta a mordaça judicial. Já era tempo. A capa da última Veja São Paulo, com a entrevista do pré-candidato a prefeito Geraldo Alckmin, é uma resposta cabal à censura imposta pelo juiz auxiliar Francisco Carlos Shintate, que considerou como propaganda a primeira entrevista da série (com Marta Suplicy). Tanto a Vejinha como a Folha de S.Paulo até agora vinham reagindo à censura togada com protestos e contestações de juristas, entidades da sociedade civil, jornalistas e corporações profissionais. Fazer onda é pouco, quase nada. Jornais e revistas não são apenas mensageiros passivos, são também protagonistas, atores proativos. Faltava nesta história uma ação afirmativa. A Vejinha deste fim de semana encarou o magistrado e o desafiou. Correu riscos de ser novamente multada e considerada reincidente fazendo aquilo que seus leitores e a sociedade brasileira esperavam: continuou a série de entrevistas com os pré-candidatos e cumpriu com o seu dever de informar. Em outras palavras, afrontou a injustiça. A mídia eletrônica, porque depende de concessões do Estado, em geral se resigna mesmo quando está certa. Desta vez, o voluntarismo esbarrou na vontade firme de quem está com a razão. Este é um dado novo, positivo. Quando os poderes da República se equilibram, ganha a democracia.
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