Alguns dos juristas mais conceituados do país consideram que a punição aos veículos de comunicação por entrevistar candidatos é absurda. Juízes de tribunais superiores já se manifestaram: punir quem exerce a liberdade de imprensa é fora de propósito. Qualquer pessoa com mais de três neurônios, mesmo tendo um deles de férias, também acha que deixar de informar seus clientes é inaceitável. No entanto, a decisão que vigora até este momento é a multa não só aos veículos, mas também aos candidatos entrevistados. Um dos doutos promotores explica: entrevistar pode, mas não sobre planos, projetos, rumos políticos. Pode-se perguntar ao candidato, por exemplo, se ele pinta o cabelo. Em que salão faz as unhas. Se prefere a carne acompanhada por arroz ou batatas. Qual o centroavante que considera melhor: Adriano, Luís Fabiano ou Pato. Loiras ou morenas? Qual seu galã favorito? Com que par romântico? E a música predileta? Claro, claro: não se pode esquecer de inquirir sua opinião sobre Dunga. O colega perguntará, com toda a razão, qual o interesse de uma entrevista dessas. Nenhum, claro: qualquer resposta que o candidato dê será absolutamente nula do ponto de vista de escolha do eleitor. Melhor não fazer entrevista nenhuma. O eleitor talvez possa escolher seu candidato pelo horário eleitoral gratuito. E a política? A menos que algum poder legal superior interfira e bloqueie as ações deletérias contra a imprensa, a democracia vai correr riscos. Se, conhecendo os candidatos, a gente já elege quem elege, imagine se não os conhecermos.
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