- Casa comigo.
- Eu não posso. Eu tenho medo.
- Medo de quê?
- Eu já sofri muito.
- Eu sei. Mas tudo será diferente. Eu te amo, Marina.
- Ele também dizia que me amava, Fábio.
- Sim, mas eu sou diferente. Você sabe disso.

Deitados sobre o sofá da sala – abraçados depois de fazerem amor – o casal conversava sobre o futuro. Fábio tentava convencer Marina a casar-se com ele. Ele estava convicto que ela era a mulher da sua vida. Ela estava com medo de entregar seu coração para um outro homem depois de um relacionamento mal-sucedido. Ambos já haviam sofrido muito por amor. Ele mais que ela. Mas homem não fica grávido e a mulher sim.

- Eu te amo tanto, Marina.
- Você não vai me abandonar?
- Abandonar? Não seja boba. Jamais.
- Então, tá.
- Tá?! Como assim? Você aceita?
- Aceito.
- Espera. Fala assim: eu aceito casar com você, Fábio.
- Eu aceito casar com você, Fábio.
- Eu te amo tanto, Marina. Eu te amo tanto.

E assim conversaram por alguns dias sobre onde morar e sobre muitas outras coisas depois do casamento. Marina sempre mais contida em relação ao futuro. Fábio sempre empolgado, com um brilho nos olhos que lhe vinha da alma. Mas os planos do casal não sobreviveram muito tempo. Os planos viraram apenas sonhos e de apenas uma pessoa.

O mundo gira e o tempo é implacável. Marina está de casamento marcado. Fábio ainda sonha em casar e ter um casal de filhos. Marina provavelmente terá seu segundo filho. Marina provavelmente será feliz. Marina fez sua escolha. Fábio segue sua vida e já não tem mais certeza se casará um dia. Fábio anda cansado do amor. Fábio acredita que escrever é bem mais fácil que amar.

Nota do Editor: Fábio de Lima é jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.