Tudo está diferente ultimamente. A internet é a maior companheira. Os homens gostam de homens. Mulheres de mulheres. Você passa mais horas no trânsito do que de férias. O carro, o computador e o celular são objetos únicos e siameses. O bate-papo é por e-mail, MSN e mensagem de celulares. Paqueras, namoros e casamentos são feitos on-line. Separação, confusão e divórcios acontecem na mesma pegada.

Mais uma coisa está mais diferente. Um ambiente tipicamente masculino foi atacado e conquistado, num lugar sagrado, onde a testosterona imperava com toda a sua majestade. Os hormônios foram invertidos neste espaço-símbolo da masculinidade. O homem foi deposto, sem julgamento ou discussão. A mulher tomou o poder da forma mais antiga de conquista. O trabalho de formiguinha mostrou, mais uma vez, a sua eficácia. O estandarte foi retirado e colocado de lado.

As mesas dos botecos não são mais as mesmas. As mulheres imperam com a mesma força que os grandes exércitos tomam terras inimigas. A guerra foi vencida. Os homens foram postos de lado e hoje a mulher manda neste símbolo da masculinidade.

A conversa de futebol foi mandada para escanteio. Hoje os homens ficam em casa na frente da televisão para conversar sobre futebol. Os canais de televisão já perceberam a mudança e disponibilizam todos os dias da semana as suas famosas mesas-redondas. No passado o homem sentava na sua poltrona preferida na sala e ficava assistindo, nas suas últimas horas do final de semana, todas as informações sobre o seu time.

Aproveitava essas horas de tranqüilidade do lar para se abastecer de argumentos para discutir nos próximos dias a melhor tática, o melhor centroavante e todos os detalhes das últimas partidas do campeonato.

Com todo o conhecimento ele imperava nas conversas sem-fim dos botecos seguintes. Na segunda-feira batia um bolão com as últimas novidades do seu time. Na terça, criticava a tática do principal adversário. Na quarta, tentava colocar em prática o último drible ou a marcação que seu time passou a adotar na pelada com os camaradas. Na quinta, comentava o bate bola com os amigos, o melhor lance, quem falhou e quem é ruim e continuará para resto da vida sendo o motivo da chacota dos amigos. Na sexta, preparava com cuidado os palpites para jogos do final de semana. No sábado, enfim no sábado, voava para o campo de várzea mais próximo de sua casa para emplacar todo o seu conhecimento no seu segundo time do coração.

Tudo isso foi perdido. Agora as conversas nos botequins são sobre moda, tecnologia, trabalho e por último, homens. As mulheres falam de tudo e tudo ao mesmo tempo. O futebol foi esquecido. Os garçons também passaram por uma atualização. Precisam saber o último lançamento de NY, a novas dos famosos, o último lançamento da Apple, e assim vai.

Saber quantas calorias tem uma caipirinha. O sabor das pingas. Agora pinga tem aroma e etc. A pinga com limão perdeu o seu sentido nos botecos. Até a cerveja trocou de copos. O homem agora toma vinho, safra 1910. A boa e gelada cerveja caiu no gosto da mulherada. Já já até as propagandas de TV vão ser modificadas. A gostosona vai perder lugar para um homem. Um bonitão, duvido. Provavelmente a grande estrela será uma esteira, ou um aparelho de exercício.

O slogam vai nesta linha: Mulheres lindas e inteligentes provam que a cerveja é mais que uma bunda. Quem gosta de cerveja bebe e ainda mantêm a forma e não ganha barriga.

O homem fica em casa assistindo TV e tomando vinho e a mulher chega com bafo de cerveja. Será que elas quando chegam em casa fazem que nem os homens: deitam e dormem?

Nota do Editor: Willian Novaes é jornalista e roteirista.