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Opinião
12/07/2008 - 12h04
Cavalheiros do outro mundo
Percival Puggina - MSM
 

Lendo sobre a operação de resgate de Ingrid Bettancourt lembrei-me de algo com que me havia deparado na internet, há poucas semanas. Fui atrás da matéria e lá estava ela, ainda disponível, publicada em bem conhecido site de esquerda, no dia seguinte à morte do narco-guerrilheiro Raúl Reyes, na famosa operação do exército colombiano. O referido texto sustentava, pura e simplesmente, que aquela ação militar não se destinara a matar Reyes, mas fora concebida para eliminar Ingrid Bettancourt e evitar sua iminente libertação. Por quê? Porque a ex-senadora, em liberdade, poderia atrapalhar os projetos de Álvaro Uribe para se manter no poder, ora. A gente precisa ser muito idiota para não perceber uma coisa tão evidente assim, não é mesmo?

Como se vê, a criatividade da esquerda não-democrática é inesgotável. A matéria, aliás, ainda acrescenta este vaticínio: “Nas próximas semanas, assim que as comunicações do lado popular tornarem a se ajustar, é quase certo que a notícia seja divulgada, no que Uribe tentará acusar as FARC de a terem matado como represália, o que seria ridículo, bem se sabe”.

Bem se sabe. Bem se sabe que não há limite para a insensatez dessa gente. Assim como não tem uma palavra de verdade, o longo arrazoado não tem uma palavra sobre narcotráfico nem sobre o delírio totalitário representado pela luta de guerrilha num país sob normalidade constitucional e bem definida periodicidade eleitoral. Nenhuma palavra sobre a violência representada pela prática do terrorismo e do seqüestro. Silêncio absoluto sobre a insanidade de uma guerrilha mantida que já dura quatro décadas. Nada. Toda a criatividade concentrada em conceber uma hipótese e a partir dela extrair conclusões venenosas que justifiquem a conduta delinqüente dos companheiros. E sempre atribuindo aos adversários a própria malícia.

Caso isolado? Não, atitude permanente. Em janeiro de 2001, aqui em Porto Alegre, foi realizada a primeira edição do Fórum Social Mundial. Dezenas de milhares de companheiros do mundo inteiro se concentraram na capital gaúcha para conviver e aplaudir as grandes figuras da esquerda mundial. Todos defensores de “um outro mundo possível”, amantes da paz, do amor e da democracia. Quais foram os principais ícones do beatífico evento? Quais as personalidades mais reverenciadas e aplaudidas por aquelas figuras turbinadas por tão elevados valores humanos? Ninguém mais nem menos do que os democráticos, fraternos e solidários Ricardo Alarcón (presidente da Assembléia Nacional de Cuba) e Javier Cifuentes, que dirigia a representação das FARC. Lugares para estar próximos a esses cavalheiros eram disputados a cotovelaços.

Lula candidato fez das FARC parceiras importantes do seu Foro de São Paulo. Lula presidente se recusou a declarar que elas são uma organização terrorista. Até hoje não ouvi qualquer voz petista reconhecer e condenar o narcotráfico controlado pela guerrilha. Há bem poucos dias, a morte de Manuel Marulanda, o maior líder dessa organização criminosa suscitou homenagem póstuma na reunião do Foro de São Paulo, em Montevidéu, e a memória do bandido foi saudada com vibrantes aplausos por uma platéia que se pôs em pé para não deixar dúvidas quanto à sua reverência. Em outras palavras: como são incorrigivelmente elevados os ideais desses cavalheiros do outro mundo!


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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