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Crônicas
17/07/2008 - 13h09
Quero um amor maior, um amor maior que eu
Guilherme Fuoco
 

Dia corrido. Chuva forte. Muito frio. Trem lotado. Toda vez é mesma história no mês de julho. Até me canso de lembrar quantas vezes eu já reclamei da vida nesses últimos dias. É serviço chato, longe e que ganha pouco. Muito pouco pelo o que eu faço. Você acha que ser operador de telemarketing em outra cidade é fácil? Não é, meu amigo. Não é fácil agüentar reclamação todo dia. O pior é saber que eles estão certos. Pior ainda é lembrar que você tem que dizer que estão errados.

Complicado. Só arrumando uma namorada para aliviar o stress da rotina. Por isso mesmo, quando passa uma daquelas moças no trem eu não tiro o olho do corpo, da boca, do cabelo. De repente alguma se interessa pelo o que eu tenho para oferecer. São lindas demais, eu não mereço tanto. A maioria é feia, concordo. Muito feia. Mas coitadas! Muitas ali não têm tempo de se arrumar, cuidar da parte vaidosa que toda mulher guarda em seu íntimo. Imagino que elas têm que cuidar de famílias enormes e maridos rabugentos. Por isso são feias.

Eu sou feio também. E não é por culpa da família ou da falta de tempo, é culpa de Deus mesmo. Ele não quis que eu fosse bonitão, galã, sexy ou qualquer outra coisa que chama a atenção da mulherada. Quis que eu fosse inteligente, comunicativo, que trabalha bem em equipe e mais coisas que eu decorei no dia da entrevista para o emprego, mas esqueci agora.

Esqueci também de fechar a boca quando eu vi uma mulher que, meu amigo, parou o trem. Decote enorme, saia uns seis dedos pra cima do joelho, cabelos negros, olhos negros. Abalou todos que a viram. Impressionante. O trem andava e a saia balançava. Era meio que hipnotizante, entende? Nossa. Demais. O sorriso dela liberava um sentimento em mim que nem o mais bêbado dos poetas conseguiria explicar. O piscar dos olhos, a coçada no nariz, o espirro, tudo. Fiquei mais maluco ainda quando vi seu olho mirar no meu. Sabe o que eu fiz? Eu fingi que não estava olhando, limpei a baba e continuei olhando a paisagem.

Não tenho coragem. É um defeito também que Deus me colocou. Um amigo meu, lá da operação, que estava apertado ao meu lado, em pé, no trem, reparou que eu não conseguia me segurar ao olhar tal beleza daquela deusa. E me cutucou:

- Ô Well, pô cara. Acorda! Olha a mina que você está olhando!
- Que foi? É uma flor. Olha esse olho, essa boca...
- Acorda cara! A mina é anã!
- Anã? Que anã o quê? É baixinha, mas é maravilhosa.
- Baixinha? É minúscula!

Acordei. Era anã mesmo. Fiquei pensando, como eu não percebi. Mas mesmo assim! Me apaixonei. Entretanto, fiquei triste. Nem quando meu coração se entrega, meu corpo aceita. Nunca poderia namorar uma anã. Eu sou alto demais.

A vida continua. Dia corrido. Chuva forte. Muito frio...


Nota do Editor: Guilherme Fuoco é estudante de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.

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