Este colunista é do tempo em que Esperidião Amin tinha cabelo, Lula usava bigodão preto (sem barba), José Sarney também tinha bigodão preto (sem tinta), Paulo Maluf era inimigo do PT e Romero Jucá era líder do Governo (qualquer governo). Dizia-se que se o Partido Comunista tomasse o poder, não se sabia quem seria o presidente. Mas o primeiro-ministro seria Marco Maciel. Naqueles velhos tempos, a ditadura justificava as medidas de exceção e o desrespeito aos direitos humanos pela necessidade de combater a corrupção. Jornalistas "amigos dos hômi" (que vergonha!) assistiam a interrogatórios e ganhavam notícias exclusivas. E faziam piada com o centro de horrores do regime, o DOI-Codi, chamando-o de "Tutóia Hilton" – pois ficava na rua Tutóia, em São Paulo. Mudou – mas nem tanto. Os presos mais conhecidos não são torturados, mas achincalhados, humilhados, sem necessidade de esperar a condenação. Emissoras escolhidas são chamadas para participar do espetáculo público em que se transformaram as ordens de prisão. Jornalistas "amigos dos hômi" (que vergonha!) assistem a interrogatórios e ganham notícias exclusivas. E fazem piada com o cárcere, chamando-o de "hospedaria da PF" e "PF Inn". É um pouco melhor do que antes. Mas o comportamento só varia de grau, sem mudar na essência. Há dois aspectos que não podem ser esquecidos quando alguém vai preso: 1 – A prisão de um ser humano, por mais que ele a mereça, por mais que seja necessária para a sociedade, é sempre uma tragédia; 2 – É preferível deixar escapar um culpado a punir um inocente. O resto é ditadura.
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