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Crônicas
20/07/2008 - 22h33
Meu querido Honoré
Evelyne Furtado
 

Levo meus dias a pensar em ti. Desde que o sol me desperta até que a noite leva-me de novo a sonhar contigo, meu terno amigo, meu amor, minha vida! Meu pensamento atravessa fronteiras e chega a ti em Paris. Há quanto tempo não nos vemos? Sei que contas meses, dias e horas. Eu prefiro sonhar, pois do contrário morreria de tua ausência em meu corpo; em meu coração.

São tantas as fronteiras que nos separam meu homem amado. A primeiras encontra-se aqui onde moro e sabes bem como me é difícil suportá-la. Preocupei-me tanto com a falta de notícias. Fui tão feliz ao receber as últimas. Honrastes aquela dívida que tanto o afligia. Nunca mais te deixes levar por esses algozes. Sabes que comigo podes contar.

Quero de tudo o proteger, porém sinto-me impotente. Que pode fazer uma mulher como eu enclausurada nesse castelo distante e tendo com carcereiro o próprio marido? Sinta meu coração em tuas mãos, todas as vezes que tentarem te fazer mal, meu doce amor. Tens paciência com vossa mãe. Ela não tem culpa por não saber te amar, como eu o amo.

Continuas escrevendo. Teus folhetins me encantam. Teus personagens vivem ao meu redor. Sou tua mulher de trinta, embora já tenha mais idade do que ela. Muito maior é o meu amor. Sem sua tua presença converso com Lucien, conforto Eugenie e sofro com o pai Goriot.

Acredito que a tua obra atravessará os anos. Quiçá, séculos. Pois, são todos, os teus escritos, retratos dos corações humanos, que nunca mudam. Piso em Paris quando te leio, assim muitos entrarão na cidade por tuas mãos.

Quem sabe um dia, sejam todas as tuas linhas unidas em uma obra vasta e prestigiada. Pareceu-me muito bom, quando em tom de brincadeira falastes na Comédia Humana. Escrever, depois de me amar é o que fazes melhor. Não sei quando nos veremos outra vez, mas quero ter-te em meus braços logo e para sempre. Nosso contrato será de amor e não de interesses.

Por enquanto, sofro e lembro do ardor dos teus olhos em minha pele. Cuida-te, se sentires algo chamas o Doutor Bianchon. Lembranças a Henrique e a Miguel D’ajuda.

A ti o meu amor eterno.

Evelyne de Hankas, Polônia, 1840.

(Evelyne Furtado, na pele de outra Evelyne, grande amor de Balzac, em uma atrevida licença poética).


Nota do Editor: Evelyne Furtado é jornalista, poetisa e cronista em Natal (RN).

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