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Opinião
21/07/2008 - 17h13
O analfabetismo tecnológico
Paulo Nathanael Pereira de Souza
 

Geralmente, quando se fala em analfabetismo no Brasil, vem à mente a figura de uma massa humana com mais de 15 anos de idade, que soma duas desgraças: a pobreza material extrema e a absoluta falta de escolaridade. São os chamados analfabetos puros, que andam aí pelos milhões de almas. No entanto, tão grave quanto esse é o analfabetismo funcional, que afeta dezenas de milhões de brasileiros, que deixaram a escola sem haver aprendido o mínimo necessário para enfrentar a vida moderna, pois mal sabem ler e escrever, e sequer conseguem fazer operação aritmética com números de três algarismos. A crise de qualidade, que campeia pelo sistema de ensino, engrossa, ano a ano, a quantidade desses infelizes, que nem sempre apresentam carências materiais e financeiras, mas que não deixam de sofrer das limitações dos praticamente analfabetos. Não bastasse isso, ainda haveria que se levar em conta um terceiro tipo de analfabetismo que avassala o país: o digital ou informático. Ou, como também se costuma dizer, o analfabetismo tecnológico.

É desnecessário afirmar que estamos em meio a uma revolução global, cujo instrumento principal é a informação armazenada e difundida pelos computadores. Quem não dispõe de computador em casa, dificilmente se encontra aparelhado para competir pela sobrevivência, nessa cultura de desafios em que se converteu o mundo da ciência e da tecnologia. A grande escola da modernidade chama-se Internet, mas consta que apenas pouco mais de 10% dos brasileiros têm intimidade com ela, porque o computador ainda se encontra no patamar do luxo, só acessível a minorias privilegiadas. Seu preço o torna distante do poder de consumo das classes C e D, apesar de crianças dessas camadas sociais já terem aulas de informática em escolas públicas. Pode acontecer de ser um aprendizado inútil, pelo fato de não existir em suas casas o equipamento, que nos países desenvolvidos já se vulgarizaram, a ponto de virarem utensílios domésticos.

O governo acena com um esforço ciclópico no sentido de dar à indústria condições para fabricar o PC conectado, uma espécie de computador simplificado, mas com acesso à Internet, cujo custo estaria à altura do bolso de famílias com renda superior a três salários mínimos. A novidade atingiria mais 18 milhões de lares, o que resultaria num avanço substancial ante a vergonhosa situação em que nos encontramos. Oxalá isso venha acontecer logo, apesar das complexas dificuldades enfrentadas pelos planejadores desse enorme passo, tão educativo, quanto civilizatório.

É paradoxal que, num país que teve durante tantos anos a famosa reserva de mercado da informática, isso esteja acontecendo. Afinal, para que serviu essa reserva, que certamente enriqueceu muitos espertalhões, se não para atrasar o nosso desenvolvimento no setor? É o preço dos monopólios, instaurados quase sempre em nome da segurança nacional, mas que, na verdade, se convertem em obstáculos ao progresso e ao interesse social. Que essa lição jamais deixe de nos alertar sobre riscos do aventureirismo em nome de um civismo de duvidosa idoneidade. Parodiando Castro Alves em relação aos livros, o que importa agora, é semear computadores a mancheias, para combater o analfabetismo digital que, atingindo principalmente os jovens, compromete o próprio futuro da nação.


Nota do Editor: Paulo Nathanael Pereira de Souza é presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

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