Ultimamente percebe-se que está faltando consideração humana, não só no trânsito, como na vida. Ver pessoas dirigindo com consciência e civilidade, respeitando os pedestres e os outros motoristas é o mínimo que se espera de uma sociedade organizada. Infelizmente os irresponsáveis ao volante transitam pelas ruas provocando acidentes e sofrimentos, e permanecem impunes até serem mortos ou matarem alguém. Que coisa triste está acontecendo com a humanidade. Conduzir um automóvel deveria ser uma atividade normal e prazerosa, mas hoje se tornou perigosa e estressante.

As pessoas educadas e conscientes têm moderação e sabem que não devem dirigir alcoolizadas. Transitando pelas avenidas e rodovias, observamos como alguns motoristas pressionam o que está à sua frente com tamanha brutalidade, até que o mesmo ceda passagem, pois se não o fizer, estará se arriscando a um ato de violência gratuita. Incivilidade ou simples falta de educação, a questão lamentável é o que as estatísticas revelam: o álcool está presente em 60% dos acidentes de trânsito e em 70% dos laudos de mortes violentas. Isso comprova um inconsciente desprezo pela vida.

Todos sabem que a bebida alcoólica afeta os reflexos. E em cidades densamente povoadas, com trânsito caótico como o da capital de São Paulo, por exemplo, o elevado nível de estresse leva as pessoas a beber cada vez mais. Todos têm pressa e a maioria está no limite, dirigindo furiosamente. E tudo isso contribui para aumentar as situações de risco, o que deveria levar os motoristas a redobrarem os cuidados, controlar a velocidade, evitar manobras arriscadas e respeitar a sinalização.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, preocupado com o aumento dos acidentes, fez um alerta para que as pessoas tenham consciência. Na sua avaliação as mortes no trânsito, principalmente de jovens, só podem ser reduzidas se houver leis rígidas para a venda de bebidas e mudanças no enfoque das campanhas de conscientização. O ministro também enfatizou que atualmente vende-se bebida alcoólica em estradas, postos de gasolina e supermercados, sem que haja uma fiscalização eficiente em relação aos jovens. Temporão destaca ainda que é preciso rever a veiculação de propagandas de bebidas hoje, na medida em que estas são um forte estímulo ao consumo irresponsável. É imprescindível que sejam adotadas medidas educacionais mais sérias para que a escola atue de maneira integrada com a família. E isso não cabe só ao governo, mas também requer a participação da sociedade, das entidades públicas e privadas e das organizações não governamentais.

Sem dúvida precisamos de legislações e fiscalizações rigorosas, mas também é fundamental cuidar das estradas, ruas, avenidas e rodovias, para que estejam devidamente recapeadas, sinalizadas e iluminadas. E que sejam retirados de circulação os veículos muito velhos, sem manutenção e que não apresentam boas condições para trafegar.

O aumento absurdo dos acidentes mostra que a vida se transformou numa áspera luta pela sobrevivência, e também a irresponsabilidade de muitas pessoas que agem de forma tirânica e como se fossem donas do mundo. O amor e respeito pela vida, ao contrário, contribuem para o aprimoramento pessoal e da sociedade como um todo. Quem não tem essa consciência, provavelmente é porque não exercitou a totalidade de suas capacitações para encontrar o caminho certo, e para por em ação seu anseio para compreender o significado do seu existir e o porquê de tantos sofrimentos, percebendo enfim, que a vida deve ser permeada unicamente de alegria, amor e felicidade. Só assim é possível gerar uma organização social justa e próspera.

Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, articulista colaborador de importantes jornais de São Paulo e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Atualmente, é um dos coordenadores do www.library.com.br, site sem fins lucrativos, e autor dos livros Encontro com o Homem Sábio, Reencontro com o Homem Sábio, A Trajetória do Ser Humano na Terra e Nola – o manuscrito que abalou o mundo, editados pela Editora Nobel com o selo Marco Zero. E-mail: bidutra@attglobal.net.