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08/08/2008 - 09h00
Resignado I
Fernando Antunes de Faria
 

Há pouco tempo, surgiram nas casas assobradadas de minha rua alguns pombos. Aquilo me incomodava, mas como se tratava da casa do vizinho, nada fiz, até que notei que além dos passarinhos que já se abrigam na laje do forro de minha casa (e que de tempo em tempo, tenho que tirar os seus ninhos), havia mais três avezinhas, que passaram a morar em baixo do telhado que sobrepõe ao outro telhado.

É um lugar perfeito para se acomodar um pombal, e logo havia vários pombos morando ali. À noite fiquei pensando na forma de desalojá-los, pesquisei na Internet sobre os pombos, sobre as doenças que transmitem ao homem e de suas fezes que além de propagar doenças sujam as calçadas. Descobri que os pombos comuns das cidades são descendentes dos pombos-das-rochas, habitante dos penhascos do mar mediterrâneo, trazidos pelos imigrantes europeus.

Reproduzem cinco vezes ao ano incubando, em geral, dois ovos por vez, que eclodem em 18 dias. Com um mês de vida os filhotes começam a sair do ninho, e continuam até 45 dias de idade sendo alimentado pelos pais. Aos seis meses já estão prontos para a reprodução. Os pombos vivem em colônias de 30 a 120 casais. Cada pombo produz cerca de 3 kg de dejetos / ano. Faça as contas.

"É um rato aéreo", compara o infectologista Jacyr Pasternak, chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Beneficência Portuguesa. "Cientistas estão classificando os pombos como animais sinantrópicos - aqueles que vivem próximo do homem, causando-lhes prejuízos, transtornos e doenças como os ratos e insetos", diz a veterinária Ângela Spuny, diretora da Divisão de Fauna da Secretaria Municipal e Meio Ambiente da cidade de São Paulo.

Inconformado, arranjei uma espingarda de “chumbinho” e comecei a exterminar os pombos de minha casa e do vizinho. Na calçada oposta a minha casa, por entre a árvore, mirava e alvejava os pombos. Os transeuntes e os vizinhos da rua se assustavam, e eu tive que várias vezes esconder a espingarda.

Teve até gente que me censurou, assegurando-me que esta ave é “sagrada”, pois no batismo de Jesus, pelo seu primo segundo, João Batista, o Espírito de Deus se manifestou em forma corpórea de um pombo. Como que eu sendo um religioso matava pombos... Já pensou se a moda pega, em Bornéo, na Indonésia, existe um povo que reverencia (adora) os orangotangos, na Índia as vacas também são reverenciadas, no antigo Egito, vários animais eram cultuados, enfim..., só faltam os pombos...
 
Certo dia de manhã, desesperado, saí apressadamente com a espingarda de “chumbinho” na mão, trajando somente o calção (sem camisa e chinelo, e com o cabelo meio despenteado), me posicionei por entre os galhos de uma pequena árvore em frente de casa, tentei alvejar os pombos, sem sucesso... Ao retornar para casa a faxineira, me alertou:

- Sr. Fernando, o senhor correndo na rua, com uma espingarda na mão, sem camisa, sem chinelo e com o cabelo despenteados, as pessoas pensarão que o senhor “surtou”.

É, realmente... Pensei! Devido a distância, perdiam-se muitos tiros, mas com muita insistência consegui desalojar os novos moradores do telhado que já passava de uma dúzia.

Passados alguns dias, novos pombos vieram e novamente desalojei-os, até que por falta de tempo e desanimado, desisti.

Novos pombos apareceram, e já estou acostumando com a sua presença, e com suas fezes que se espalham na calçada do meu quintal.

No início, quando eu chegava de carro no portão de minha casa, os pombos que ciscavam a rua em buscam de alimentos, ou mesmo os que estavam no telhado olhando “o ambiente”, voavam para longe, estavam ariscos, hoje não. Já vi dois pombos disputando algum comestível no saco de lixo colocado na lixeira da calçada, não se perturbaram com minha presença, e nem voaram assustados. Percebi então que nem eu e nem os pombos, se perturbavam mutuamente.

Notei também que o problema dos “pombos” não era só meu e dos meus vizinhos, mas de toda a rua, de todo o bairro e de todo o centro da cidade de Ubatuba, e de outras cidades espalhadas pelo Brasil. De manhã bem cedinho quando vou levar minha esposa no ponto de ônibus, e tem pouco movimento nas ruas, encontro um bando de pombos ciscando sossegadamente como galinhas no “terreiro”, passeiam por dentro das padarias, lanchonetes, bares etc. Antigamente só víamos pombos ciscando na Praça da Matriz. Semana retrasada, fui com minha família “torcer”, juntamente com outros amigos e curiosos pelo “desencalhe” do Barco Mateus Luiz de propriedade da família do senhor conhecido pelo apelido de “Batata”, e pude perceber que os pombos já pousam tranqüilamente no meio dos banhistas, que deitados na areia tomam banho de sol. Eles são atraídos pelos alimentos que os banhistas deixam cair e disputam com outras aves marinhas e caranguejos, moradores da praia. Em troca deixam suas fezes. Pensei com os meus botões, será se a vigilância epidemiológica da cidade está fazendo alguma coisa, para evitar a proliferação de pombos na cidade?

O veterinário Marcelino Mosz, da cidade de Guaratinguetá, lembra que essa ave é capaz de transmitir doenças como a criptococose, que causa inflamação do sistema nervoso, e a histoplasmose, que atinge os órgãos internos: fígado, rins e pulmões.

Pensei com os meus botões, vou novamente abrir a temporada de “caça aos pombos”, até que li pela internet que é proibido matar pombos de acordo com a lei ambiental 9605/98, e conferindo junto a Polícia Ambiental, orientou-me tratar-se de caça, e caso eu fosse pego matando pombos, seria apreendido a arma de fogo (mesmo sendo de pressão eles consideram como se fosse de fogo???) e eu seria preso. Eu preso? Como? Alguma coisa tem que ser feito... Passaram-se os dias e nada fiz; percebi então que novamente estava me conformando com a situação, assim como temos nos conformados com o que está acontecendo em nosso país. A epidemia da injustiça e da impunidade, em nome da Justiça e segurança jurídica da constituição brasileira, como o caso de Daniel Dantas. Coitado dos pombos... Deixem os pombos...

Fernando Antunes de Faria

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