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SEÇÃO
Crônicas
09/08/2008 - 07h46
O pecado mora ao lado
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Tenho uma amiga muito gracinha, dessas que raramente ficam sem namorado. Quando fica se vira bem em uma paquera avulsa. Nos últimos tempos, depois de algumas histórias meio atrapalhadas, a linda resolveu dar um tempo na dela. Aos que estranharem, uma simples explicação: o fato de existirem bofes e de estar sempre chovendo na horta dela, não quer dizer que sejam nenhuma maravilha. E mesmo maravilhas dão dor de cabeça.

Parece falseta do destino. Ou do destino dela, que eu acho de certa forma invejável. Mas quem nasceu para se meter em encrenca, com e sem trocadilho, pode se afastar da encrenca que ela corre atrás. Pois enquanto ela estava ocupada fazendo outras coisas, como diria o saudoso John Lennon, mudou para o lado um bonitão, daqueles do outro lado da cerca. E a coitada (coitada???) já foi obrigada a rever posição.

Vizinho, ainda mais tão próximo, daqueles que dá para ouvir tossir de noite, apesar da comodidade, é encrenca. No caso dobrada, porque o cara é sério, casado, a família mora longe e o caminho é deserto. E fica aquele pedaço de bom caminho bem à vista, quando não na escuta, para piorar ele é bofe de voz bonita também. Tanto que ela já está mudando de idéia.

“Vou ser obrigada a ir para o mundo de novo, em plena era de lei seca”, constatou ela para mim. “É demais ficar exposta a aparições de vizinho bonitão, ainda mais em época de voto de castidade. E o cara é na dele, não é daquele tipo de fica fazendo gracinha, apesar de algumas vezes ter algumas atitudes surpreendentes.”

Já que ele acaba dando um mole, apesar da reserva, quis saber por que ela, garota de atitude, não tomava alguma. “Lingüiça não corre atrás de cachorro, como sempre disse a minha mãe e eu levei tantas décadas para aprender”, respondeu com ar sério, para depois abrir um sorriso. “Mas como rebateu meu novo amigo gay, lingüiça tem de se mostrar para o cachorro. Por enquanto é tudo que dá para fazer.”


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).

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