07/09/2025  10h20
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
11/08/2008 - 19h12
O verão depois da lei seca
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Galera, ando tremendo de medo por causa dos efeitos da lei seca no próximo verão, a se julgar pelos efeitos deletérios que tenho visto nesse fim de inverno. Antes que me joguem pedra, pelo menos não por esse motivo, quero dizer que sou a favor, dos males o menor, carro com bebida não funciona, enfim, não contesto e obedeço sempre que posso.

Mas como não há almoço grátis, o fim compulsório dos drinques nos bares está tendo conseqüências terríveis. Vou só descrever alguns que tenho observado, sem chegar nem mesmo perto dos futuros problemas trabalhistas, diminuição de lucro, fechamento de estabelecimentos, desemprego, essas coisas. Sem querer rimar, minha nobreza só atinge meu lado freguesa. E ele está desconsolado.

Os bares quase vazios são de chorar, principalmente para quem quer ver gente, conversar e eventualmente engatar alguma paquera. Os mais ou menos decentes, se é que estão dando alguma sopa, estão decentes, sem beber ou travados, o que já dificulta bem as coisas, preocupados com a hora de ir embora, só pensam naquilo, ou seja, no bafômetro.

O que sobra são os bêbados de sempre, aqueles que não estão nem aí, que encheram e enchem o caco sempre naquela de dane-se o mundo, não me chamo Raimundo. Primeira conclusão: arruaceiros e briguentos de cara cheia continuam praticamente iguais, talvez tenha diminuído um pouco o número de ocorrências, mas eles estão a toda, aprontando e enchendo, definitivamente lei não foi feita para eles. Como donos atuais do pedaço, sem contestação, espantam o resto de freguesia bem comportada que ainda teima em conferir o que sobrou na noite.

Uma coisa que se nota é que aumentou o movimento etílico das padarias, provavelmente porque a negada volta a pé da esquina. Mas vamos e venhamos, é deprê ficar fazendo ponto no balcão de padaria da vizinhança, sem contar a bandeira com os vizinhos. Beber em casa sempre foi legal, principalmente quando não era obrigatório. Mas apenas o anfitrião fica garantido, o resto tem de voltar ou então o day after vai ter cara de final de festinha de embalo, com todo mundo jogado pelos cantos.

O que fazer? Táxi é lindo, mas tem de ser uso moderado, ou não há dinheiro que agüente, você anda de táxi, pega uns dois, três por noite e fica sem grana para o embalo. Cafés, sorveterias e similares são legais, mas como diria o saudoso Vinicius, “nunca vi nenhuma grande amizade nascer em uma leiteria”. Estou sinceramente procurando uma saída, senão honrosa, pelo menos pouco bandeirosa, para tentar um verão mais animado. Sugestões são bem-vindas.


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.