De que adianta uma abertura dos Jogos Olímpicos impressionante, se por trás dela consta o total desprezo pelo valor individual? Não obstante a impressão causada na abertura chinesa, de que homens mais parecem formigas organizadas de forma rigorosa como no Exército, eis que agora vem à tona a descoberta de que a pequena cantora estava apenas dublando outra. Lin Miaoke chegou a ser considerada uma estrela após “seu” desempenho cantando o hino chinês durante a abertura da Olimpíada de Pequim. Mas o Comitê Organizador dos Jogos teve que admitir que ela apenas dublou outra menina, Yang Peiyi, pois o Politburo chinês achou que sua voz não era boa o bastante, e que a verdadeira cantora não era bela o suficiente. Os dentinhos tortos de Yang fizeram com que os manda-chuvas da ditadura chinesa a ocultassem do público, usando outra menina em seu lugar, fingindo que cantava de verdade. E o trauma dessa pequena garota talentosa, como fica? No ímpeto de causar uma boa imagem ao mundo, vale tudo para os membros do Partido Comunista Chinês. Einstein dizia que o nacionalismo é a “doença infantil da humanidade”. O filósofo Schopenhauer chegou a afirmar que “a individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta”. Infelizmente, nada disso é levado em conta por parte dos coletivistas. A mentalidade tribal predomina, e o indivíduo é visto apenas como um meio sacrificável para os “interesses do grupo”. Quem determina tais interesses é algo que poucos questionam. Os autoritários encaram seres humanos como peças num tabuleiro de xadrez, que podem ser movidas ao bel-prazer dos poderosos. Não podem! Ao menos não sem graves conseqüências. Adam Smith já havia compreendido isso no século XVIII, e por isso defendia um sistema de “liberdade natural”, com foco na preservação dos indivíduos. A China coletivista é o oposto desse sistema. O indivíduo chinês, mesmo que seja uma pequena garotinha talentosa, não vale muito. Deve se submeter aos “interesses coletivos” da nação. E como nação é um constructo mental, e não um ente concreto, todos devem aceitar as imposições de cima, decididas pelos governantes, que resolvem quais são os tais interesses nacionais. Por ser totalmente contra esse coletivismo retrógrado e autoritário, que despreza totalmente o valor individual, prefiro torcer pelas medalhas e conquistas de um indivíduo feito Michael Phelps, que merece mesmo ganhar mais medalhas de ouro do que muitos países juntos. Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.
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