Não é de se estranhar que com a febre das Olimpíadas, estejam todos envolvidos em um clima mágico de competição e superação de seus próprios limites. São anos em busca de um rendimento físico que permita o ingresso nesta que é a mais importante competição do esporte mundial. Atletas que pelo sonho olímpico, seriam capazes até mesmo de enfrentar enfermidades graves que normalmente os fariam inclinar diante das limitações clínicas impostas por tais lesões. O caso de nossa atleta Juliana, do vôlei de areia, parceira de Larissa, representa bem isto. Após temporada exaustiva, tendo conseguido com mérito a vaga olímpica, sofreu entorse no joelho a dois meses do início desta competição, ocasionando lesão em um dos ligamentos (Cruzado Anterior), considerado por especialistas, fundamental para o desenvolvimento de esportes de contato que requerem movimentos rotacionais. Juliana tentou contrariar todos os prognósticos. Com tempo insuficiente para se recuperar após uma intervenção cirúrgica, em um ato desesperador, ela fez opção por aquilo que seria sua única chance de ir a Pequim. Depositou todas as esperanças na Fisioterapia. Acontece que até para os mais fortes e determinados atletas, uma lesão como a que sofreu Juliana exigiria um tempo maior de tratamento e ainda assim, haveria grande risco de insucesso. Sim, foram louváveis a atitude e a determinação da atleta, mas acredito que tal decisão deveria ter sido sustentada não pela paixão e sim, por total imparcialidade e responsabilidade técnica, por parte daqueles que a assistem. Diante dos fatos, saio em questionamento à validade de a CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) e COB (Comitê Olímpico Brasileiro) terem deixado que esta situação de risco e incertezas se prolongasse até a véspera do início dos Jogos Olímpicos, expondo a integridade física da atleta e comprometendo a formação e entrosamento de uma nova dupla que estivesse em plenas condições de disputa. Se isso se reverteria em um resultado diferente ou não, ninguém saberá, mas uma atitude mais emergente e responsável poderia ter sido tomada, respeitando assim, o Sonho Olímpico que também é de toda uma nação. É com os erros que também aprendemos. Que esse nos tenha servido de lição! Nota do Editor: Pericles Machado é fisioterapeuta e diretor da Clínica Physio Athletic, em Ribeirão Preto (SP), sendo especialista em Ortopedia, Traumatologia Esportiva e Osteopatia. Já atuou como fisioterapeuta em renomados clubes de futebol e voleibol, além de ter sido responsável pela reabilitação e preparação de atletas pan-americanos e olímpicos como Maria Zeferina Baldaia (maratona), Marcelo Tosi e Guega (hipismo), Camila Pinheiro (ciclismo), Fernando e Tiago Neves (esqui-aquático), entre outros.
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