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Opinião
25/08/2008 - 05h36
Velhos guerrilheiros
José Nivaldo Corderio - Parlata
 

Eu vi: na última terça-feira, no Canal Brasil, da TVA, por volta das 23 horas eu rodava os canais quando parei para ouvir os últimos depoimentos da mesa-redonda que tinha vários ex-guerrilheiros, entre eles Franklin Martins, rememorando o passado revolucionário. Um clima de confraternização e de comemoração de quem se sabe no comando das coisas políticas no Brasil. Esses homens são o poder agora. Um dos feitos relembrados foi o seqüestro do embaixador norte-americano, idealizado pelo próprio Franklin Martins (tamanha importância que é dada ao fato está no destaque observado na home page do jornalista). Riram-se felizes, o riso dos vitoriosos.

O dramático da narrativa foi a absurda justificativa para a ação criminosa, que seria fazer contrapropaganda às comemorações do Dia da Pátria, como se as comemorações do Dia da Pátria fossem meras propagandas governamentais e não algo que tem profundo significado na alma dos brasileiros. Segundo os seqüestradores ali presentes, o ato se justificava porque eles entendiam as referidas comemorações como propaganda em prol da ditadura.

Quero aqui, meu caro leitor, sublinhar o tamanho da imoralidade cometida. Em primeiro lugar, depois de tantos anos não se abateu sobre os autores nenhuma dúvida do seu gesto, que afetou a vida de pessoas inocentes e custou graves seqüelas ao então embaixador Charles Elbrick. A maldade levianamente encomendada não trouxe remorso algum.

Em segundo lugar, aquele diálogo é a prova de que essa gente construiu uma segunda realidade, uma falsificação do real, e nela se manteve até hoje. O surpreendente não é que tenha sido assim, essa perene imersão no sonho maligno, mas que esse sonho tenha seduzido a coletividade brasileira a ponto de tornar essa gente a casta governante. A loucura de um grupo de alucinados tomou conta de todos no Brasil.

Em terceiro lugar, vi a manifestação do Mal Lógico de maneira a mais horripilante. A narrativa de como nasceu a idéia, como se deu o planejamento, o consórcio das forças subversivas para sua execução, tudo explicado no horário nobre da TV pelos seus autores, em meio a risos e gritos de triunfo, foi de um cinismo atroz. Um bando de homens já velhos, sem qualquer sinal de se dar conta da barbaridade do que fizeram. A lógica do Mal esmiuçada deveria chocar. Mas não, vemos nas imagens o seu oposto. A prática do Mal tornou-se motivo de regozijo.

Por fim, impressiona-me que depoimentos desse naipe não sirvam para que lideranças genuínas apareçam para fazer frente a essa gente. O poder político no Brasil foi tomado de assalto por gente moralmente desqualificada e não se vislumbra nenhum tipo de resistência. Não há liderança, sequer há oposição. O processo eleitoral é inútil, troca-se seis por meia dúzia.

O meio empresarial, que deveria gestar essas lideranças, está imerso no sonho de que basta o respeito a algumas regras básicas de mercado para estar tudo bem. Ora, a carga tributária se aproxima célere dos 40% do PIB, a estatização voltou à agenda, inclusive com a recente criação do canal estatal de TV (mais um!) e com a manifesta intenção de se criar mais uma estatal vinculada ao setor de petróleo. E a persistente e recorrente regulação de todos os setores, que pode beneficiar alguns que são amigos dos revolucionários no poder, mas que é a própria negação do livre mercado, o interesse geral da gente brasileira, nada disso serve de aviso.

O empresariado se comporta como se nada estivesse ocorrendo e não tem ouvidos para ouvir a voz da razão. É um espanto. Os grandes empresários, quais cães amestrados, são os mais destacados cabos eleitorais de Lula e do PT. É a rebelião das massas de que nos falou Ortega y Gasset, sem tirar nem o pôr. O triunfo dos mais perfeitos “senhoritos satisfeitos”, gente de alma hermética e incapaz de enxergar o real.

O que esperar? O pior, sem dúvidas. O que é pior, só a história irá nos contar. A angústia de Ortega começou quando estourou a Primeira Guerra mundial. Ele anteviu Hitler, a Guerra Civil espanhola e todo o resto. Exilado por causa de suas idéias, Ortega acabou por conversar com as estátuas de Paris, pois não tinha ouvidos para ouvir o que dizia. Acho que vou começar a fazer discursos para as estátuas de São Paulo, quem sabe meu sentimento de isolamento e solidão se dissipe. E minha angústia também.


Nota do Editor: José Nivaldo Corderio (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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