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Opinião
26/08/2008 - 17h07
Greve... responsabilidade do governo
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A greve no serviço público – especialmente na Segurança Pública, Educação e Saúde – merece uma profunda reflexão, pois é algo mais sério do que parece. Vitais ao governo e à sociedade, além do rendimento em sua insubstituível atividade-fim, esses setores também precisam manter a própria integridade, além do entusiasmo e força de trabalho do seu pessoal, para fazer frente aos desafios que, em função do desenvolvimento e da globalização, a cada dia apresentam-se mais complexos e exigentes de rapidez e técnica nas decisões. Quando precisa recorrer à greve e, mesmo assim, vê o governo-patrão responder com sofismas e artifícios destrutivos às carreiras, a primeira coisa que ocorre com o funcionário é a desmotivação, um mal silencioso, cujo efeito a população só percebe quando precisa e não encontra o atendimento adequado.

Vítimas do mais cruel achatamento salarial, ocorrido em mais de uma década, os policiais paulistas chegaram à greve, último recurso para o convencimento do patronato insensível. Depois de uma breve paralisação, policiais civis voltaram ao trabalho, mas deverão novamente cruzar os braços se não atendidas satisfatoriamente suas reivindicações. Os policiais militares não param porque são constitucionalmente impedidos, mas vivem o mesmo drama dos civis. Todos deveriam trabalhar exclusivamente para a polícia, mas entre 80 e 90% do efetivo hoje se arriscam fazendo “bico” como forma de complementar os baixos salários recebidos do Estado.

A política de pessoal que São Paulo tem aplicado para suas polícias é perversa e divisionista. Perversa porque não reajusta adequadamente os salários e, quando reajusta, é através de abonos e gratificações, excluindo do benefício os inativos e pensionistas, constitucionalmente credores de salário idêntico ao do ativo no mesmo posto. Divisionista na medida em que, até na distribuição dos abonos, paga mais aos policiais de uma região e menos aos de outra, mesmo com o risco de criar subcastas e quebrar a unidade dentro dos postos da carreira. Isso não pode prevalecer, sob pena de desfigurar por completo a instituição policial do Estado que, sem qualquer dúvida, está entre as melhores do país.

Diferente dos governantes, que cumprem mandatos por tempo definido, a máquina pública e seu pessoal são permanentes. Ao ingressar, o policial pensa em fazer carreira e dar toda a sua força laborativa para a segurança e, como contrapartida, ter condições de viver, cuidar da família e garantir seu próprio futuro. Sabe dos riscos que corre e, mesmo assim, enfrenta. Mas não é justo que, além das dificuldades próprias do setor, ainda seja vítima das ações político-eleiçoeiras de governantes, que preferem investir os recursos públicos em coisas que dão votos e negligenciam na manutenção da própria máquina e seu pessoal.

Os governantes – tanto os de São Paulo quanto os dos demais Estados – deveriam se conscientizar de que é a própria política de arrocho por eles desenvolvida que gera o descontentamento e a greve. E que a intransigência só poderá trazer a deterioração dos serviços, com sérios prejuízos à sociedade. Os governos passam, mas suas obras – tanto as boas quanto as más – permanecem para o julgamento da história...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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