No mês das Vocações, analisamos o papel do leigo na Igreja. O mundo contemporâneo é cercado por múltiplas idéias e opiniões. Também por conta desses pluralismos, sejam eles culturais, sociais, ideológicos ou religiosos, é que se faz necessário que cristãos católicos sejam cada vez mais conscientes de sua essência e do que acreditam. De fato, os cristãos crêem que a dignidade mais sublime do homem consiste na sua vocação à união com Deus. A vocação remete o ser humano a Deus, que por Sua vez inscreveu no coração humano o desejo de o ver. Mesmo que, muitas vezes, o ser humano o ignore, Deus não cessa de atrair cada ser humano para si. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com o seu Criador. Esse vínculo íntimo e vital com Deus confere ao ser humano sua dignidade fundamental. Essa dignidade é permeada pelo sentimento comunitário. Deus mesmo quis, ao criar o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, que todos formassem uma só família e se tratassem uns aos outros como irmãos. É nessa perspectiva de vida em comunhão, que a Igreja, povo de Deus, se reúne para constituir a assembléia daqueles que se tornam seus filhos pela fé e pelo batismo. As condições do tempo atual tornam ainda mais urgente esse dever da Igreja em promover a unidade, a fim de que todos os homens, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo. A evangelização encontra no terreno religioso-moral um ambiente de atuação privilegiado. A missão primordial da Igreja, de fato, é anunciar Deus, testemunhá-lo diante do mundo. Trata-se de fazer conhecer a verdadeira face de Deus e o seu desígnio de amor e de salvação em favor dos homens, assim como Jesus o revelou. Todos os fiéis são chamados a dar esse testemunho de comunhão, unidade e amor. Talvez o papel do fiel leigo seja, nos tempos de hoje, um dos mais significativos. Os leigos fazem parte do Povo de Deus. Por leigos denominamos todos os cristãos que não são membros ordenados (bispos, presbíteros ou diáconos) ou do estado religioso reconhecido pela Igreja. É próprio do leigo a característica secular. Compete ao fiel leigo, em toda e qualquer ocupação e atividade e nas condições ordinárias da vida familiar e social, guiado pela força do evangelho, contribuir com a santificação do mundo a partir de dentro. É através dessa contribuição que ele manifesta Cristo aos outros. O apostolado dos leigos é participação na própria missão evangelizadora da Igreja. Todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, "segundo a medida concedida por Cristo" (Cf. Ef. 4,7). De fato, o testemunho de fé do fiel leigo é bastante concreto. Na educação dos filhos, na vida política, na vida universitária, como profissionais liberais (médicos, advogados, administradores etc.), individual ou coletivamente, entre tantas funções e atividades, naquilo que são e naquilo que fazem os leigos têm papel fundamental na difusão do Reino de Deus, sempre com o olhar voltado para o Cristo, que é o modelo para todo o ser humano. Nota do Editor: Tarciana Matos Barreto é advogada, estudante de Teologia e membro da Comunidade Canção Nova (www.cancaonova.com).
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