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Opinião
29/08/2008 - 11h28
Estágio para tranqüilizar os pais
Luiz Gonzaga Bertelli
 

Todos acompanhamos preocupados o caso das duas adolescentes paulistanas que sumiram, deixando os pais alarmados e a sociedade alerta para detectar qualquer sinal do que poderia ter motivado o duplo desaparecimento. Acredito que todos respiramos aliviados com o fim do mistério e a volta das adolescentes ilesas para suas casas. Mas as razões alegadas para o sumiço deveria, talvez, causar mais preocupação. As garotas alegaram que, saturadas da vida na metrópole e do “clima” em família, resolveram tirar férias sem avisar ninguém e foram para Santa Catarina, como escala numa viagem à Argentina.

O caso é emblemático. Os jovens não estão sabendo lidar com as pressões da passagem para o mundo adulto – se é que algum dia souberam. Além de enfrentar as mudanças provocadas pela adolescência, grande parte dos teens passa pelo menos 800 horas do ano descontentes – tempo que corresponde, não coincidentemente, a um ano letivo. Uma pesquisa da ONG Ação Educativa descobriu o que mais desagrada os jovens em sala de aula. Dos 800 adolescentes entrevistados, 43% dos que ingressaram no ensino médio queriam ser preparados para o trabalho e isso é a última coisa que vêem em sala de aula, especialmente se o curso não contemplar a formação técnica.

O descompasso entre a escola e o mercado de trabalho é mais flagrante para a grande maioria dos jovens que não podem custear a mensalidade de escolas de primeira linha ou que dependem da rede pública de ensino. Para esse contingente, o estágio é uma rara – senão a única – oportunidade de resolver dois problemas de uma só tacada: ao mesmo tempo em que adquirem prática no mundo corporativo, passam a contar com uma bolsa-auxílio que pode cobrir despesas com os estudos.

Uma enquete do CIEE mostra que 40% dos estudantes buscam o estágio visando adquirir ou aprimorar habilidades profissionais. A prática em empresas desenvolve habilidades de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe e de atitudes empreendedoras, sem falar no aumento da responsabilidade individual.

Se, em vez de alimentar planos de fuga a exemplo das duas estudantes paulistanas, jovens entediados optarem por aplicar sua criatividade, ousadia e iniciativa num bom estágio, certamente seus pais deixarão de viver horas aflitivas e eles mesmos não correrão perigos até de vida – afinal, esse tipo de aventura nem sempre tem final feliz. De quebra e numa experiência não menos estimulante, eles terão de enfrentar uma nova realidade e provar competência ao superar os duros desafios do ingresso no mundo do trabalho. E, quem sabe, logo poderão gozar férias devidamente legalizadas, sem depender de carona de caminhoneiros e com mais dinheiro no bolso para desfrutar os prazeres de uma viagem de turismo.


Nota do Editor: Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, da Academia Paulista de História – APH e diretor da Fiesp.

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