A Associação Americana de Medicina define o conceito de alfabetização em saúde como a capacidade de obter, processar e compreender informação básica em saúde necessária à tomada de decisões apropriadas e que apoie o correto seguimento de instruções terapêuticas. Reconhece-se que a maioria da população americana não é alfabetizada em saúde, o que leva a freqüentes erros no uso de medicações, à não procura de ajuda médica quando necessário e à dificuldade em assumir hábitos de vida saudáveis. E o jornalismo tem um importante papel na construção dessa alfabetização. Esta semana, pesquisadores da escola de jornalismo de Missouri divulgaram uma importante pesquisa sobre jornalismo científico em saúde e, com isso, receberam o prêmio Top Faculty Paper em Comunicação em Ciências. Foram entrevistados cerca de 400 jornalistas dedicados à área de saúde de revistas e jornais em todo o país, com uma média de sete anos de experiência profissional. Apenas 18% dos entrevistados receberam treinamento especializado em jornalismo científico. Metade deles declarou não ter familiaridade com o conceito de alfabetização em saúde e muitos disseram ter dificuldade em explicar informações científicas aos leitores. As três táticas mais usadas pelos jornalistas para ajudar no melhor entendimento da informação pelo leigo foram: 1) incluir a opinião de especialistas; 2) evitar o uso de termos técnicos; 3) disponibilizar dados estatísticos. Mais da metade dos entrevistados disse acreditar que a maioria dos leitores usa as informações para melhor entendimento de temas sobre saúde e para uma melhor comunicação com profissionais de assistência. Os jornalistas dedicados aos jornais reconheceram contribuir primariamente na disponibilização de informação, enquanto os jornalistas de revistas relataram acreditar terem um importante papel na mudança de atitudes de vida dos seus leitores. O jornalismo em saúde tem o importantíssimo papel de traduzir informações científicas de qualidade à população leiga, com um grande potencial de transformação social. A boa formação dos profissionais que atuam na área pode aumentar o sucesso com que a informação chega aos interessados. Essa boa formação deve contemplar o desenvolvimento de habilidades na comunicação com o público leigo, como também o fortalecimento de um senso crítico que promova a priorização de divulgação das informações que sejam mais relevantes à sociedade. Nota do Editor: Dr. Ricardo Teixeira (drricardoteixeira.wordpress.com) é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog "ConsCiência no Dia-a-Dia" e consultor do Grupo Athena.
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