05/09/2025  03h49
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
15/09/2008 - 07h12
O mundo não acabou
Carlos Alberto dos Reis
 

Felizmente, o mundo não acabou, como temiam tantos, após a ligação, dia 10 último, do acelerador de partículas do consórcio europeu Cern, na fronteira entre Suíça e França, que visa a recriar um mini-Big Bang, para encontrar respostas à origem do universo. A experiência em curso, que estimulou a criatividade de leigos e cientistas e até provocou medo em todo o Planeta, ante a hipótese de gerar um buraco negro irreversível, custou a bagatela de três bilhões de euros, algo próximo de 7,42 bilhões de reais.

Essa fantasia do inconsciente coletivo internacional, ante um experimento próximo da ficção científica, tem peculiar e insólita analogia com uma situação real do Brasil, também ligada à área energética: a precariedade do sistema elétrico, que já nos conduziu, não a um buraco negro, mas a um lamentável apagão, que praticamente paralisou a economia nacional em 2001. E os riscos continuam, pois o sistema é permeado de vícios e equívocos.

O primeiro problema é o atraso e insuficiência dos investimentos. É lamentável constatar o fracasso das Parcerias Público-Privadas (PPPs), pela absoluta insegurança jurídica que os projetos deixam transparecer. Outra questão importante é a política de privatização do sistema, em especial no estado de São Paulo, feita de maneira afoita, sem a preocupação com a garantia de qualidade técnica e compromissos mais sólidos dos concessionários com a sociedade e as empresas. É o caso, por exemplo, da AES Eletropaulo, que substituiu mão-de-obra experiente e qualificada por pessoal terceirizado sem o devido treinamento. Esta precarização dos serviços é responsável por alguns apagões, cada vez mais recorrentes, e pela maior insegurança dos próprios trabalhadores e usuários.

Falta de qualificação no setor não se restringe, contudo, aos trabalhadores operacionais e técnicos das hidrelétricas e redes de transmissão e distribuição. Abrange, também, com honrosas exceções, cargos de gestão e direção, preenchidos por critérios meramente políticos. Dada a grande importância do setor elétrico para a economia, a sociedade, as empresas, os indivíduos e a própria segurança nacional, é temeroso outorgar a apaniguados partidários sem qualificação cargos e funções da mais alta responsabilidade no sistema elétrico.

Sem maiores investimentos em geração, transmissão e distribuição de eletricidade, sem a devida fiscalização e exigência de qualidade das concessionárias privadas e sem critérios técnico-profissionais na contratação de mão-de-obra no setor e nomeação dos dirigentes das companhias que se mantêm sob controle acionário do estado, novos apagões certamente acontecerão. E estes, ao contrário dos temores relativos ao acelerador de partículas europeu, representam um risco real, verdadeiro e concreto. O Brasil precisa de medidas urgentes e toda uma reestruturação no setor hidrelétrico, pois sua deficiência, somada à passividade com que o problema tem sido encarado, pode criar um buraco negro capaz de engolir por muito tempo toda a nossa potencialidade de promover o crescimento sustentado da economia.


Nota do Editor: Carlos Alberto dos Reis é presidente do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.