Já passou da hora de buscar alternativas para a solução do saneamento básico de Ubatuba
O Litoral Norte (LN) paulista, teria tudo para ser o destino especial de descanso e lazer de muitos turistas do Brasil e mundo pois é “patrimônio nacional” triplamente “protegido”: Serra do Mar / Mata Atlântica / Zona Costeira (Constituição Federal). Criou-se o Parque Estadual, além de diversas Unidades de Conservação na região. Bioma extraordinário, foi catalogado (Mata Atlântica) como Reserva da Biosfera pela UNESCO e como um dos 34 hotspots (pelo menos 1.500 espécies vegetais endêmicas e mais de 75% da cobertura original dizimada) do planeta. Entretanto, cresce perigosamente o risco de ruína ambiental e estagnação econômica da região por conta especialmente de três fatores: a falta de uma política de habitação popular para prevenir a ocupação desordenada; a inadequação e insuficiência do tratamento do esgoto e a inadequação da destinação do lixo. Hoje, Ubatuba é a campeã do desemprego e, recentemente, a população fez duas grandes manifestações – os penicaços – inclusive avisando aos turistas para não utilizarem a Praia de Itamambuca porque estava poluída. Essa praia, é um símbolo do que pode acontecer de pior, porque é lá que se realizam os campeonatos de surfe que divulgaram Ubatuba pelo mundo inteiro. Se a situação do turismo de Ubatuba já está precário, recebendo volume significativo de turistas apenas na temporada de verão, o que acontecerá se perder a realização dos campeonatos de surfe devido à poluição da praia? Os municípios - que têm a titularidade dos serviços de água e esgoto - devem cobrar qualidade e investimentos da concessionária (SABESP), que prometeu um programa sério de saneamento e fez o mínimo, escorada no Plano Comunitário de Melhorias (CEF), em que o município assume a metade do custo da obra e o cidadão arca com cerca de R$ 3,0 mil, bancando a infra-estrutura para a concessionária. É preciso saber também como implantou redes de água (e de esgoto) em alguns bairros, sem ter antes legalizado o seu funcionamento, deixando infra-estrutura, há anos, inútil. Para isso, temos feito contato com técnicos de outras cidades que tem buscado e utilizado alternativas diferentes para pequenos e médios sistemas de tratamento de esgoto mais adequados às diferentes realidades. O município se propôs a aplicar os OITO OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO: 1 - Erradicar a extrema pobreza e a fome; 2 - Educação básica de qualidade para todos; 3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; 4 - Reduzir a mortalidade infantil; 5 - Melhorar a saúde das gestantes; 6 - Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7 - Garantir a sustentabilidade ambiental; 8 - Estabelecer parcerias para o desenvolvimento. No entanto, não atingirá essas metas se não resolver a questão do saneamento básico porque existe uma correlação muito alta, já provada por estatísticas, entre a falta de saneamento, a mortalidade infantil, o mau desempenho escolar, o número de faltas ao serviço e problemas de doença. O investimento em saneamento básico traz economia porque diminui os gastos com saúde. Pelo andar da carruagem, será um dos grandes problemas que o novo governante terá que enfrentar e terá que buscar soluções alternativas já existentes e testadas em outros municípios. Rui Alves Grilo ragrilo@terra.com.br
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
|