E a dor era tanta que molestou corpo e alma. O sol foi apagando-se pela saudade. O amor perdeu a razão e vida perdeu o tesão. A tristeza era tão sólida que poderia ser apunhalada. E o sonho desmaterializado virou solução. Ela prestou atenção aos sonhos como nunca. Neles viu a cura para tanta solidão. Dormiu dias seguidos, então despertou. Vestiu um pretinho e saiu disposta a cortar a solidez melancólica. Fez o sinal da cruz e foi. O samba da filha de Elis "de vida e não de morte" ajudou no despertar "tocando o infinito". E encontrou o tema do dia cantando: "Moço, maltratar não é direito Essa Mágoa no meu peito Você sabe de onde vem..." Na primeira loja viu um vestido estampado. Provou e já saiu com a alma colorida. Almoçou com o melhor amigo. Aquele que é também irmão. Tomaram cafezinhos e ela fez mais dívidas a saldar em Paris, para quando lá forem juntos. Trato antigo que se Deus quiser será cumprido. Fechou a tarde com uma mandala vistosa e Nossa Senhora a protegê-la. Usou como arma o amor pela vida e fez em pedaços toda mágoa acumulada sem uma gota de sangue derramado. Nota do Editor: Evelyne Furtado é cronista e poetisa em Natal (RN).
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