Entra dia, sai dia, e quando abrimos o jornal, parece que estamos lendo o jornal da semana passada. A notícia de ontem, sábado, 18 de setembro, fala da explosão de um carro-bomba conduzido por um suicida. O fato ocorreu em Kirkuk, 255 km ao norte de Bagdá. Matou ao menos 20 pessoas. O atentado ocorreu perto do quartel general da Guarda Nacional. Quem declarou foi o comandante Mohamed Amin, que não faço idéia quem seja, se apoiava Saddam Hussein, se é xiita, sunita ou cristão maronita. Seu nome serviu para completar o texto do correspondente, o que já é alguma coisa. Antigamente os carros-bomba tinham procedência norte-americana e marca conhecida, Nash. Minha avó sempre dizia para eu nunca comprar um Nash. Eu não entendia direito o significado da advertência, quando tive dinheiro comprei um fusca. Voltando ao Iraque, amanhã ou na semana que vem, leremos a mesma coisa, poderá mudar a cidade, o número de mortos, mas vai ser mantida a indiferença com que contemplaremos a tragédia alheia. O que os olhos não vêem o coração não sente. Fica no ar uma constatação, embora as fotografias os filmes e os vídeos gravem os fatos, congelem o momento, não atingem a nossa alma, são representações. Por mais realistas que sejam, não emocionam, apenas impressionam, e mesmo assim, momentaneamente. Um dia teremos meios de comunicação totais, capazes de nos colocar no acontecimento de forma integral e passar todo o impacto dele decorrente. A única coisa que me faz ficar chateado com a morte é que não verei as descobertas que acontecerão neste século. Quanta coisa interessante virá por aí!
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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