03/09/2025  14h46
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
22/10/2008 - 12h18
Entendendo Dona Marta
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

É entediante a campanha eleitoral em curso na cidade de São Paulo, seja pelo desfecho previsível – a quase certa vitória de Gilberto Kassab -, seja pelo nível dos discursos dos candidatos. De fato, os formuladores das campanhas dirigem-se direto às massas, na linguagem a mais crua, cultivando seus instintos bestiais. Dá náusea. A única coisa que surpreendeu foi a Dona Marta, com a sua performance contra a suposta “opção” sexual do concorrente, ação sobre a qual quero tecer algumas palavras aqui.

Cabeça de petista é muito previsível. Imagino perfeitamente o que se passou. Fizeram o diagnóstico de que a comunidade GLS sempre se alinhou automaticamente com a ex-prefeita e que o eleitorado do prefeito Kassab, por não votar no PT, é conservador, logo automaticamente anti-gay. Dentro desse eleitorado estariam os “crentes”, identificados com os protestantes pentecostais, como também todos os religiosos de modo geral.

A partir dessas obviedades caricatas formulou-se o que chamei de “tática de jerico”: o que a Dona Marta supunha ter (a comunidade homossexual) seria seu, então ela precisaria conquistar votos no campo adversário. Por primeiro, fazendo encontro com os bispos mais poderosos em tamanho de rebanho; em segundo, procurando passar a imagem de Kassab que não preencheria os requisitos para receber os votos conservadores, como se a ex-prefeita pudesse caber em um figurino conservador.

Cabe aqui mencionar a lacuna do eleitorado católico conservador no discurso da Dona Marta, pois os petistas imaginam que os católicos aderem a eles automaticamente. O que vejo é minguar o segmento seguidor da teologia da libertação e aumentar aqueles que seguem a orientação do Papa. O segmento católico foi completamente esquecido, como se não tivesse ele mesmo um largo componente conservador. Essa é uma das razões das sucessivas derrotas do PT em São Paulo.

A coisa soou tão artificial e gratuita contra Gilberto Kassab que os estrategistas conseguiram exatamente o oposto do que queriam: perderam votos tidos como cativos por causa da agressão e não convenceram nem um “fiel” sequer da justeza da difamação inesperada. Ficaram na pior situação. As pessoas não se perguntam da vida pessoal do candidato, que já tem uma longa carreira política e é bem conhecido dos paulistanos, tendo uma vida pessoal discretíssima.

O drama petista é que o tempo de campanha no segundo turno é bem curto e esse erro tático inicial impediu um realinhamento, que de fato desse um discurso para Marta Suplicy conquistar a classe média paulistana. Desde que se constatou a rejeição à linha de campanha ela ficou sem discurso.

Raciocínios primários como esses não apenas não expandem o campo eleitoral, mas podem contribuir para uma derrota histórica de Marta Suplicy em São Paulo. Essa derrota pode se configurar se sua votação no segundo turno ficar muito perto daquela a ela conferida no primeiro turno, uma possibilidade que está se cristalizando. Cada vez mais fica claro o que foi feito: uma péssima atriz recitando um péssimo texto. Mensagem errada na boca errada. Soou mal. A cidade de São Paulo tem o eleitorado mais sofisticado e consciente do Brasil. Um lero desses não seria nunca aceito por aqui, sobretudo pelo tom inusitadamente preconceituoso que assumiu.

Fico olhando as imagens da ex-prefeita no vídeo. Está deformada pelas plásticas que fez ou pelo uso abusivo de botox. Está com os lábios deformados, como se tivessem tomado uns tapas, com alguns segmentos como que inchados. Os olhos estão cada vez mais fechados, repuxados, cada um deles com um desenho diferente, como se tivessem sido retirados de corpos diferentes para compor o conjunto. Uma construção disforme.

Juntando os fatos, podemos dizer que o que está dentro é como o que está fora. O rosto disforme combina com as idéias deformadas. É por isso que os eleitores paulistanos rejeitaram a candidatura.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.