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Crônicas
05/10/2008 - 08h12
Sobre o amor
Sayonara Lino
 

Dizem que as pessoas mal-amadas, rejeitadas, abandonadas, têm raiva do mundo. Podem tornar-se amargas, despeitadas, vingativas, invejosas, rabugentas e até mesmo uma ilha, isoladas, vivendo em outra realidade, quase um universo paralelo. E lendo um livro de Nélson Rodrigues, ”Flor de Obsessão”, que reúne suas 1000 melhores frases, achei graça de uma de suas observações: “O mal-amado sente-se hostilizado até pelas paredes, pelos edifícios, pela paisagem.”

Eu concordo porque já senti na pele essa dor de não ser amada sei lá quantas vezes ao longo de meus quase 31 anos de vida nesse planeta doido. E já desenvolvi não apenas todos os sintomas citados, mas cultivei o pior dos sentimentos, que é a perda do amor-próprio, da auto-estima, quando você deixa o outro, objeto de seu amor e de sua frustração, levar consigo sua identidade. É aí que começa o turbilhão de emoções que invadem, permanecem e tornam sua vida um caos, uma desconstrução.

Cá para nós, já que estou desenvolvendo essa narrativa, preciso revelar um segredo, mas por favor, não espalhe: o tormento que parecia interminável, não era, nunca foi e nunca será amor de verdade. Era uma armadilha do ego, da vaidade e de não sentir aquele gostinho bom do amor que o outro sente por você. Ah, nós, humanos! Em quantas arapucas entramos, quantas armadilhas, quanto desatino em vão. Eu só amei uma vez. Lembro que não senti raiva, nem dele, nem de mim mesma, nem do mundo. Compreendi, relevei, perdoei. Porque o amor de verdade é compaixão, ausência de posse, tolerância, perdão. Isso é velho, foi citado, cantado, comentado, analisado. Mas como é difícil experimentá-lo em sua grandeza, com o coração aberto, sem medo, sem crueldade.

De todos os amores que vivi, o único que fez diferença e falta, foi quando houve uma grande identificação, quando vi minha imagem refletida no outro. E isso é um indício muito claro de minha grande vaidade. Que, por sinal, não tem nada a ver com amor, nem pelo outro, nem por mim mesma. Então, que insanidade! Nunca amei de verdade!


Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista.

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