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Opinião
07/10/2008 - 09h04
O touro de Wall Street
Luiz Del´valle
 

O dístico, que adorna a moeda norte-americana “nós confiamos em Deus”, muito longe de ser um sinal de fundamentalismo religioso de qualquer espécie, é uma contraposição às teorias ditas “exóticas”, ateístas por natureza. Longe de escrever-se “nós confiamos no capital” como desejariam os marxistas, ou nos “bancos” como adorariam os ativistas do Times Square, ou no “mercado” para gáudio dos especuladores e operadores da Bolsa, um dístico cristão conseguiria atrair as simpatias da “civilização cristã ocidental”. E assim foi feito.

Entretanto, nos tempos da era Bush com o até pouco tempo impensável socorro às falidas instituições financeiras e securitárias má e fraudulentamente geridas, poderia cuidar-se em trocar o dístico da moeda, que passaria a ser “nós confiamos no Estado”, ou como poderia dizer Marx: os estados servem para salvar os ricos e mandar a conta para os pobres. É o pragmatismo do capitalismo sem limites, agora a serviço do intervencionismo.

Num mundo em que coisas esquisitas estão acontecendo, em que troca-se de opção sexual movido por desconhecida química, o touro de Wall Street, outrora símbolo da democracia e do liberalismo econômico, que jamais aceitaria a intervenção do Estado no mercado, emasculou-se, virou vaca e ao invés de mugir vigorosamente, passou a ronronar esquisito. Da mesma forma o capitalismo americano que de liberal virou estatal, cujo rugido de leão virou também um miado sem muito ritmo.

A crise pôs a nu uma fraqueza que os americanos jamais admitiriam e o socorro do Estado tem o gosto amargo da derrota de uma filosofia incrustada a séculos na índole do próprio povo.

Mas, como toda ação exige uma reação igual e contrária, a repentina mudança, que afronta séculos de liberalismo com a adesão americana à economia estatizada, não deve ser motivo para conclusões apressadas e por isto mesmo equivocadas.

O pragmatismo americano no final deve prevalecer, com todos, amigos e aliados sendo chamados a ajudar a pagar a conta que não fizeram. Afinal, amigo é para essas coisas e no tempo do bem-bom usufruíram à vontade.

Não existe almoço de graça sem conta para pagar e os Estados Unidos são mestres nisto, como fizeram no Iraque com o petróleo que está financiando a guerra. Com o socorro às instituições bancárias e securitárias em situação pré-falimentar, vai dar-se o mesmo. Bush, ou quem a ele suceder, vai chamar os parceiros não tão ricos e dividir com eles fraternalmente, a conta de uma aventura que tinha tudo para naufragar. O Brasil não pensem que dessa escapa, pois também desfrutou dos tempos das vacas gordas.

Vale a máxima: pobre não deve ser amigo de rico, pois na hora de pegar no pesado ou pagar a conta sempre sobra para o mais fraco. Nesse caso não será diferente.

Note-se, o Tesouro não tem em caixa os bilhões de dólares necessários para o socorro, devendo desviar verbas de outros itens do orçamento, que não é elástico o suficiente para cobrir os pés e a cabeça, funcionando como “cobertor de pobre”, onde um dos dois é prejudicado.

Dificilmente o futuro presidente americano escapará das receitas clássicas para qualquer país ajuizado enfrentar suas crises financeiras: aumento de juros, para incentivar o repatriamento de dólares que estão no exterior, aumento de impostos para tapar o rombo e corte no consumo via importações. Isto, no mínimo, é recessão à vista.

Todos os países, principalmente os importadores de dólares e os exportadores de matéria-prima serão afetados, perfil no qual o Brasil encaixa-se perfeitamente. O quanto cada país será afetado será determinado pela extensão e duração da crise que avizinha-se.


Nota do Editor: Texto enviado pela “Coluna do Sardinha”.

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