Muito natural que após o tornado de setembro, o mundo esteja procurando culpados para um desastre que já vinha sendo anunciado há tempos. É da índole do indivíduo procurar bodes expiatórios e culpados para tudo. Pode-se afirmar sem medo de errar que George W. Bush é culpado. Mas seria injustiça pensar que ele seria o único e o maior. Allan Greespan (The Maestro) estaria bem mais próximo desta realidade. Homem forte do FED – o Banco Central americano – Greespan foi pusilânime, que bem definido no linguajar mais rasteiro, foi frouxo no tratar com o lobby dos bancos que estavam ganhando o quanto queriam com as tais de letras hipotecárias e delas não abriam mão e no trato com os juros, mantidos negativos e por isto mesmo beneficiando os bancos, por um tempo longo demais. Festejado nos meios financeiros como o mago ou The Maestro a participação de Greespan no colapso foi muito maior do que a do presidente Bush. Os presidentes americanos, com raras exceções são notoriamente conhecidos pelo baixo quociente de inteligência (I.Q). George disputou com o pai a primazia de ter o menor QI (I.Q) da história americana, por isto não se pode debitar-lhe a culpa exclusiva pelo “débâcle”. Mas neste caldo não se pode esquecer também do Congresso, que apenas fazia o que os banqueiros mandavam. Nesta quadra, deputados e senadores comprometidos com a farra das hipotecas, pressionaram seus pares a aprovar o bilionário socorro, que é um prêmio à fraude e à esperteza. O que pode-se esperar do futuro presidente americano, seja ele Barack Obama ou John MCainn, ambos senadores e comprometidos com a rede de proteção aos bancos contra a falência e contrários ao estabelecimento de teto nos ganhos dos executivos das instituições financeiras a serem socorridas pelo dinheiro público? Muito pouco. O Executivo, o presidente do FED e o Congresso são responsáveis por extensão pela quebra do sistema financeiro e por instituir o capitalismo de Estado onde ideologias foram sepultadas e onde tudo tem preço, até a ideologia e a convicção. O poder político submisso e ajoelhado ante o poder econômico como jamais se viu, num péssimo prenúncio do que está por vir no século XXI – Estados ricos e povos paupérrimos subjugados pela força econômica. Os Estados Unidos símbolo do liberalismo político e econômico, que sempre foi usado como paradigma de respeito aos direitos individuais, renega-os para privilegiar o capital, enterrando séculos de uma tradição não-intervencionista abrindo um perigoso precedente que não se sabe ao certo, qual será o fim de tudo isso. O liberalismo econômico que surgiu e foi inspirado no liberalismo político teve sua gênese na luta contra o despotismo francês do l’etat c’est moi, que acabou na guilhotina vencido pela “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” Muito sangue correu por conta de uma ideologia, que primava pela liberdade de pensamento e que na lógica do século XXI está sendo enterrada e trocada pela lógica do vil metal, onde os meios justificam os fins e o homem é medido pelo quanto vale e por quanto vende a sua consciência. Será o fim de uma era e o começo de uma sombria “Nova Ordem”, que no passado levou o mundo a colapsos de fins imprevisíveis. Nota do Autor: Este artigo é um tributo a Adam Smith, sua obra “A Riqueza das Nações” é considerada a Bíblia do liberalismo econômico. Nota do Editor: Texto enviado pela “Coluna do Sardinha”.
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