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Crônicas
10/10/2008 - 07h03
Eu candidato? Bastou-me uma vez!
Seu Pedro
 

Estimulado por tantos ois, bons-dias e boas-tardes que ganho quando ando pela cidade, fora os abanos de mãos e buzinadas simpáticas dos carros que vão passando, esqueci a máxima que diz, “jornalista é cordialmente detestado”, e me lancei a uma candidatura a vereador no ano de 2004. Minha nora, professora de música e compositora, fez para mim a mais bonita música de campanha.

Lá do carro de som montei uma bicicleta falante, a qual meu filho exaustivamente pedalava pelos bairros. Caminhei quase toda a cidade falando das minhas propostas. Pensava em ser diferente, combatendo a corrupção. Isto se os demais vereadores me permitissem fazê-lo. Não era promessa de candidato, era propósito de cidadão. Do salário recebido na Câmara, já havia feito as contas, 40% seriam destinados às duas entidades sociais das quais sou voluntário.

Foi uma ótima experiência. Afinal, “em tudo dai graças”. Subi e desci de palanques na certeza que estava eleito. Nas minhas andanças atrás de votos, muitos pedidos de dentaduras, óculos, cestas básicas, dinheiro para viagem, e outros mais imorais ainda. Descartei em atendê-los uma vez que, na qualidade de jornalista, desço a lenha nessas imoralidades e falta de cidadania. Um caso, porém, me chamou a atenção. Uma jovem, aluna de canto de minha nora, perdeu muitas roupas – parece que ficaram apenas as mini-mini saias –, a cama e outros pequenos bens em um incêndio pela queda de uma vela que propagou o fogo. Eu tinha uma cama e colchão, sem que tivesse uso, e fui procurado para ajudá-la, doando os objetos.

Estava em plena época de campanha e eu não tinha o propósito de comprar votos. Então, fui ao juiz eleitoral e dei-lhe conhecimento da minha intenção e a razão, ressaltando que não era troca de favores. O juiz mandou que então eu o fizesse, pois se houvesse alguma denúncia contra mim, já estava ciente do caso. Tanto que nem pedi ao pai da jovem, ou a ela própria, para arrancar a propaganda de um candidato de outra coligação, colado na porta principal. Nem mesmo lhes dei meu santinho. Se aquela família quisesse descobrir meu nome, e me dar o voto, que o fizesse. Claro que eu agradeceria! E veio o dia eleição e a noite da apuração. E numa cidade onde são necessários pelo menos mil votos, eu obtive setenta e quatro apenas.

Não fui o menos votado, pois a minha esposa e outra companheira não tiveram nem o voto delas. Haviam saído candidatas “laranjas”, por causa da reserva de cotas às mulheres. E nossa coligação só tinha uma verdadeira competidora. Bem, pelo menos o prefeito que defendi foi eleito. Foi uma experiência boa e aprendi corretamente o que é um processo eleitoral. E foi aí que descobri a razão de Lula dar tanta bolsa.

A maioria se contenta com o imediato, pensa que vai morrer amanhã. Veio a diplomação dos eleitos, e o salão do júri, no fórum, estava repleto. Eu, jornalista, estava lá. Ao final da entrega dos diplomas, o juiz, de lá da frente, falou para mim, em alto e bom som: “Seu Pedro, entre os seus setenta e quatro votos, o meu está lá”. De imediato, o promotor disse: “o meu também”. Foi gratificante a minha “diplomação”. Assim, prefiro continuar sentindo o sabor daquele momento, a me candidatar novamente.


Nota do Editor: Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.

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