Quando iniciei minha vida profissional trabalhando em Publicidade (e lá se vão uns 35 anos), lay-outs eram produzidos com manchas de guache, “bodytexto” e um pouco de Letraset. Hoje, pulam dos monitores para as impressoras com uma qualidade e rapidez que chegam a assustar os mais atualizados fãs de “science-fiction”. Potes nem tão elegantes de cola de benzina perdiam-se em meio a papelada da mesa do past-up e não nas mãos de garotos igualmente perdidos na Sé. No decorrer da minha caminhada – em tempos de aldeia global e de globalização das aldeias – tive a chance de vivenciar, entre questionamentos e hesitações, uma transformação clara em relação aos conceitos presentes nessa atividade que absorve de maneira muito particular a evolução dos tempos. Nota-se, hoje, que a boa publicidade é aquela que não parece com publicidade. Exercícios de aproximação, sem que o pobre consumidor perceba, são realizados com táticas de fazer inveja a competidores frenéticos de “War”. Pensando nisso, recuperei na memória a imagem de um dono de Armarinho, na Aclimação, bairro onde nasci. Um árabe muito simpático e eloqüente – como todos da etnia – afirmava com indisfarçável orgulho para seus clientes: - Brodutos da minha lojinha são melhores em qualidade e breço. Pode levar, freguesa! Hoje, imagino que quase envergonhado, ele completaria: - É brobaganda, freguesa, mas não espalha! Nota do Editor: Aguinaldo Santiago Galiza Jr., 54, é publicitário e ainda mora na Aclimação. E-mail: ag.galiza@terra.com.br.
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