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Opinião
16/10/2008 - 05h46
Cantiga de roda
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Ciranda cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

Antiga cantiga de roda

E daí, sobre a subida das bolsas de valores pelo mundo? A crise acabou? Foi esconjurada? Afinal, os liberais estão errados e os esquerdistas (keynesianos e marxistas) estão certos? Se era uma simples questão de emitir mais moeda e aumentar ainda mais a dívida pública, se era assim tão simples, porque então discutir o assunto? O homem tem ou não tem a chave para a eliminação da escassez?

Sim, meu caro leitor, é disso que estamos falando. Se os governos do mundo afora, inclusive o do Brasil, estiverem fazendo a coisa certa, então tudo que sempre foi mais sagrado, tudo em que se acreditou, toda a realidade tida como tal não passava de engano. A triste ciência econômica, a ciência da escassez, terá sido um engodo, desde a origem. Deus se enganou. Cristo se enganou. Adam Smith se enganou. A humanidade, desde tempos imemoriais, tem padecido do regime de escassez porque não teve discernimento suficiente para emitir moeda na quantidade requerida para enriquecer a todos nós. Não é incrível?

O problema é que a história mostra que essa saída fácil – o largo caminho da perdição – é uma falsa saída. A realidade não muda se governos pintam mais dinheiro hoje do que o fizeram ontem. Crises há porque viver é uma crise, desde o nascimento. É um enfrentamento, seja no plano pessoal, seja no plano coletivo. Só se foge da crise pela morte. Pelo suicídio ou pela guerra, do contrário o homem tem que enfrentar o real e o real é a escassez. Terá que comer o pão com o suor do seu rosto. Atalho só há para ladrões e governantes, que no caso são a mesma coisa. A realidade é aquilo que é. Basta que folheemos livros de história monetária para ver o destino das superemissões: Alemanha de 1923, Hungria do pós-guerra e Zimbábue atual não parecem ser exemplos a serem seguidos. E o do Brasil, porque não? Temos também em nossa história muito know how de como construir uma hiperinflação.

A novidade - a grande novidade – é a irresponsabilidade monetária em escala planetária. Tempos apocalípticos.

A imprensa mundial tem relatado os detalhes da crise que se instalou. Na origem, a irresponsabilidade estatal nos EUA de obrigar o sistema bancário a emprestar a pessoas, para compra da casa própria, que não teriam meios de honrar os pagamentos, em nome do social. O governo, ainda uma vez, tentando driblar a lei da escassez, querendo dar casa para todos, ainda que ao preço de se construir uma crise financeira sistêmica.

Obviamente, ninguém consegue enganar a lei da escassez, como estamos a ver. Durante algum tempo criou-se a prosperidade inflacionária, mas chegou a hora da verdade. Toda a gente agora sabe que os EUA (e a União Européia) têm vivido a crédito, bem além de suas posses. Construíram uma prosperidade postiça, que de forma alguma poderá manter-se. E, com essa decisão de estatizar bancos e cobrir qualquer risco bancário, simplesmente as bases reais de funcionamento da economia natural capitalista deixaram de existir. O conceito de assunção de risco no ato de investir desapareceu. O mesmo pode-se dizer do ato de poupar. Para quê? Esses atos fundamentais para o funcionamento do sistema econômico por suposto poderiam ser substituídos com vantagem pela máquina de pintar dinheiro.

Isso não pode dar certo, todavia. Uma hiperinflação em escala mundial está a caminho. Dinheiro falso é droga pesada e viciante, quanto mais se usa, mais se quer usar, até o limite da explosão. Ou do infarto. Não é tão fácil pintar dinheiro? O difícil é ganhá-lo no mercado. É o que vai acontecer, uma emissão infinita e a respectiva hiperinflação. Podemos fazer como os compositores que parodiaram a velha canção de roda que pus em epígrafe:

Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar
Cidade Deus pede à todos pra que parem de brigar
Ciranda, cirandinha vamos todos...
Chega de pancadaria ou o baile vai parar
Escute esse rap que nós vamos cantar
Pedindo para os amigos pra se concientizar
Chega de briga no baile, isso eu peço a vocês
Se tu não acabar com a briga ela acaba com você
Mas é melhor meu amigo parar com a violencia
Por que se não todos nós vamos sofrer as consequencia
Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar
” sic.

Quem dera fosse uma brincadeira de criança. Quem viver verá.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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