O emprego adequado da tecnologia é, cada dia, mais necessário. Além das câmaras de monitoramento, que não são mais novidades, surgiram recentemente as "câmeras tagarelas". Em vez de só receber as informações vindas da rua para o sistema, elas também interagem com o público-alvo. Em Piracicaba, que opera a modalidade desde o ano passado, a polícia revela queda geral de 40% das ocorrências, principalmente a redução do número de furtos e acidentes na área vigiada. Trazido da Inglaterra, o método "tagarela" executa um poderoso trabalho. Transmite orientações genéricas à pessoas para que evitem andar com bolsas e carteiras expostas, não acreditem em histórias de bilhetes premiados, tenham cuidado ao atravessar as ruas etc. Dá, até "puxões a orelha" nos motoristas e pedestres flagrados pelas câmeras atravessando o sinal vermelho ou fora da faixa. Quando surgem, os equipamentos têm destinação genérica. A câmera, por exemplo, serve para filmar ou transmitir imagens para um circuito de TVs. Os desenvolvedores é que encontram a utilidade de cada invento. O uso de câmeras nos prédios serve para controlar a portaria e os pontos vulneráveis. Nas ruas pode auxiliar a polícia no patrulhamento e combate à criminalidade e, no formato "tagarela", faz a interação básica com o público sem a necessidade da presença física do orientador. Há, também, o mau uso, como a filmagem ou monitoramento de determinado lugar para facilitar a ação de criminosos, muitas vezes já descoberta pela polícia. Apesar de sua grande utilidade, o emprego de câmeras em vias públicas ainda é pequeno. Não existe uma política e nem linhas de custeio definidas para esse investimento. Muitas cidades possuem projetos de instalar o sistema em suas vias principais, mas dependem de rateio de custo entre os comerciantes, verbas municipais e até da contribuição de moradores. A redução drástica do custo e a capacitação da indústria nacional para a produção de câmeras, gravadores e outros componentes sugere uma série de providências para evitar que a comunidade continue privada desse adicional de segurança. O principal deles é a criação de fontes de custeio e financiamento. Senadores, deputados e até o próprio Poder Executivo deveriam elaborar leis destinando recursos públicos para a instalação e manutenção de sistemas de monitoramento. Com câmeras e, se possível, o método "tagarela", será possível inibir eficientemente as ocorrências policiais e empregar a polícia só nos casos mais sérios e quando o crime já tiver ocorrido. Vigiar passaria a ser uma tarefa das máquinas que, bem planejadas, pode fazer isso muito melhor do que o ser humano e sem desperdícios nem riscos. Não é demais sonhar, também, com a possibilidade de se criar um sistema que integre e aproveite as imagens de todas as câmeras já instaladas em prédios, shoppings e repartições. Um esquema desses, sem dúvida, protegeria o cidadão e afugentaria o criminoso... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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