Muito se reclama contra a qualidade da TV mas precisamos aprender a usar o nosso direito de desligar ou de trocar de canal. Uma estratégia boa é aquela usada pela campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” que criou um ranking dos piores programas, o que leva as empresas a deixarem de financiar os programas porque não querem ver sua imagem comercial comprometida com produtos televisivos de baixa qualidade. Para participar e ter mais informações entre no site www.eticanatv.org.br. No ranking de 20/05 a 20/09/08 ganhou disparado o “Terceiro Tempo” da Bandeirantes, com mais de 1200 denúncias. A Rede TV aparece com os programas “Pânico na TV”, “Superpop” e “A Tarde é Sua”; a Record está presente com “SP no Ar”. Dia 21 é o Dia Nacional contra a Baixaria na TV e as comissões de Direitos Humanos e Minorias; e Legislação Participativa, juntamente com mais de 60 entidades parceiras da campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania", promovem neste domingo (19) a 5ª edição do Dia Nacional contra a Baixaria na TV, com o tema publicidade infantil. As emissoras públicas (TV Brasil, TV Câmara, TVs Universitárias, TVs legislativas e comunitárias) irão levar ao ar, ao vivo, uma edição especial do programa Ver TV. Na TV Câmara irá ao ar às 13h30. Neste sábado, o VER TV discutiu os JOGOS DE AZAR NA TV. Comandado pelo professor da ECA – Escola de Comunicações e Artes da USP, Laurindo Leal Filho, o Lalo, teve a participação da pesquisadora uruguaia Sonia Montaño; de Maira Marchi, especialista em dependência química; do Sr. Ruy Cruvinel Filho, da Defensoria Pública do Distrito Federal. Para o Sr. Ruy, os jogos de azar na TV, cujo exemplo mais gritante e aberrante são os programas mantidos pelo Baú da Felicidade, porque a TV deixa de executar o seu papel mais importante, que é de lazer cultural e educativo para se tornar a mantenedora de um jogo de azar, de uma empresa, através do sonho de enriquecimento através do jogo. Para ele, para se jogar em um cassino é proibido, é necessário a adesão do jogador e o seu deslocamento; na TV o jogo é livre e invade os lares, atingindo até as crianças, sendo, portanto, muito mais prejudicial do que o jogos realizados nos cassinos. O programa apresentou um trecho em que uma emissora usa uma criança para dirigir o jogo, o que fere totalmente o ECA. Para a pesquisadora Sonia, o que distingue o jogo é o seu caráter de prazer na própria atividade e não no prêmio; artístico é aquela atividade que mais reúne, ao mesmo tempo, o aspecto de crítica e de entretenimento. No seu início, a TV tinha esse caráter, inclusive o aspecto de experimentação, de uma atividade lúdica feita ao vivo. Nos programas de auditório, o objetivo é o prêmio e não a atividade. O lucro do programa, muitas vezes desconhecidos, ocultados de seus participantes, é gerado pelo número de pulsos telefônicos. Quanto mais ligações, maior o lucro (da empresa). Para Maíra, assim como as pessoas usam a cocaína e outras drogas, não para dar prazer mas para evitar o desprazer, diante das dificuldades da vida, as pessoas são cada vez mais impulsionadas a jogar, inclusive crianças. Cria-se uma dependência como a dependência química e uma das saídas é a participação em grupos de ajuda, os JOGADORES ANÔNIMOS. Como a TV é uma concessão do Estado, não dá para aceitar que esse tipo de programa continue impune no ar. Rui Alves Grilo ragrilo@terra.com.br
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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