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31/10/2008 - 06h00
Papel formativo das associações
Rui Alves Grilo
 

Grande parte da mobilização social em São Paulo, durante a ditadura, se deve ao fato de várias igrejas terem investido na instalação de centros comunitários na periferia, lugar onde as pessoas se formaram e articularam a resistência, dando suporte aos sindicatos e a outras instituições que se contrapunham às entidades atreladas ao sistema.

Desde adolescente participo de grupos e acho que as igrejas ainda têm um papel fundamental formativo ou deformativo. O segundo aspecto se refere quando essa orientação é muito dogmática e impede a pessoa de aceitar que outros tenham comportamentos e maneiras de pensar diferentes do seu grupo. No entanto, mesmo tendo esse viés negativo, não dá para negar a influência desses grupos na formação da pessoa.

No início da década de 80, a renomada educadora Bárbara Freitag, tendo como suporte teórico a teoria de Piaget, pesquisou qual era a importância da escola na formação do senso moral e chegou à conclusão que, por pior que seja a qualidade de ensino, somente o fato de crianças e adolescentes conviverem com pessoas de diferentes grupos familiares, religiosos e socioculturais permite ao educando checar seus próprios valores e os valores do grupo de origem com outros valores e opções.

Essa complementaridade entre os diferentes grupos sociais dos quais o indivíduo participa é que permitirá uma visão mais abrangente do mundo e da vida.

A busca de afirmação da própria personalidade leva o indivíduo a experimentar e às vezes, a transgredir. Não haveria mudança se não houvesse transgressões e transgressores. Uma grande parte dos políticos e intelectuais conhecidos atualmente, já foram presos ou exilados políticos: Mario Covas, Serra, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Roussef, José Dirceu, Caetano Veloso, Chico Buarque, Jesus Cristo, Gandhi, Graciliano Ramos, Jorge Amado etc. No entanto, as autoridades de plantão tentam sempre colar o rótulo de baderneiros em qualquer manifestação ou questionamento. E o pior de tudo, é que conseguem convencer até mesmo uma parte da população que está sendo prejudicada.

Muita gente ainda deve se lembrar do slogan: “Brasil. Ame ou deixe-o”.

Se Tiradentes tivesse obedecido ao rei de Portugal, talvez até hoje ainda seríamos uma colônia.

A partir de 1971 comecei a trabalhar, tanto na educação formal quanto na educação popular e pude constatar como o conhecimento tem uma base material, porque as necessidades da vida levam as pessoas a perceberem o quanto o conhecimento é necessário para abrir portas e, a luta para melhorar condições de vida muitas vezes levam as pessoas a voltarem a estudar e aperfeiçoarem seus níveis de leitura e de escrita para poderem entender uma notícia de jornal, um envelope de pagamento, a escreverem um abaixo-assinado, um requerimento.

Na região de Interlagos, entre a Guarapiranga e a Billings, a população chegou a levar 40 ônibus até a Sabesp em Pinheiros, e a desafiar o DOPS, para se aproximar de Maluf e entregar suas reivindicações em uma audiência de governo itinerante em Santo Amaro. Mais tarde, durante a epidemia de cólera, em uma revista de grande circulação (Veja? Não me lembro) havia a constatação de médicos sanitaristas, que, se a população não tivesse lutado pela água encanada e conseguido que a Sabesp antecipasse seus planos em mais de 20 anos, a epidemia teria tido maiores proporções e dizimado grande parte da população da região sul da cidade de São Paulo.

Nessa luta, muitas pessoas se formaram e se tornaram lideranças, são profissionais com outra visão de mundo e de poder.

É nos pequenos grupos e associações que as pessoas se sentem acolhidas ou rejeitadas e começam a tomar atitudes e a elaborar propostas coletivas. Nos pequenos grupos é que a pessoa vai treinando o olhar e a percepção do que é uma verdadeira liderança e do que é uma liderança manipuladora, que usa o espaço e as pessoas como trampolim para sua carreira. É também o lugar onde, através da solução dos problemas locais, vai percebendo como funciona a cidade, o estado e o país. Vai percebendo as formas de analisar os problemas e as estratégias para solucioná-los.

Rui Alves Grilo
ragrilo@terra.com.br


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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