A realidade entrou porta adentro espantando os devaneios de quem vive entre o céu e o chão. Hora de descer das nuvens e fincar os pés no solo. Os primeiros instantes foram de susto. O que se faz quando o mundo treme e nos atinge? Não adianta fugir. Momento de encarar as dificuldades. Lidar com os problemas de frente. Adiar sonhos. Deixar para trás pesadelos. Dizem que não há um mal que não traga um bem. O primeiro bem foi exatamente esse: situar-me no presente. Atitude sábia, porém difícil. Depois do susto veio a certeza de que o presente não é tão ruim. Ao contrário, o barco está ancorado e suportará bem a tempestade. Há botes salva-vidas suficientes. Não há motivo para pânico. De mau restou a frustração decorrente da não concretização de planos feitos para um futuro próximo, mas eles continuam de pé, apenas foram prorrogados. Mais uma vantagem: reforçar o aprendizado de lidar com as frustrações. Uma lição vital para o amadurecimento. Tenho tido “boas” oportunidades de aprender. “- É tarde!” – grita o coelho de Alice. “- Corram!” – gritam as vozes globalizadas. - É hora, digo eu. É hora de ser feliz com o que tenho nas mãos e tenho muito, graças a Deus! Ademais, o sol continua brilhando; o céu permanece azul sobre a minha cabeça; a família está muito bem, obrigada e o futuro está logo ali, mas já não tenho pressa de chegar. Nota do Editor: Evelyne Furtado é cronista e poetisa em Natal (RN).
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