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Opinião
03/11/2008 - 12h00
Questão de sobrevivência
Silvana Martani
 

Cada episódio de violência que assistimos na TV ou presenciamos nas ruas denunciam um tanto do que somos ou do que tememos ser. O que faz um jovem seqüestrar e matar a ex-namorada depois de mantê-la confinada, por mais de 100 horas, junto com a amiga também por ele baleada?

Entre o dia 14 e 17 de outubro, um rapaz de 22 anos, definido por todos como "calmo e trabalhador", contradizia o perfil descrito. Estava armado e violento. Somente o ciúme seria capaz de levar alguém a esse estado?

Certamente, um sujeito "calmo e trabalhador", não se transformaria em um criminoso somente por conta de sua possessividade. No entanto, um indivíduo emocionalmente comprometido e perturbado, sim.

Indo por esse caminho, uma pessoa nessas condições não se revela violenta, de um dia para o outro. Durante toda a vida, ela mostra que não está bem a seus pais e amigos, com uma série de atitudes que a denunciam e que podem passar despercebidas para aqueles que não o conhecem bem.

Falta de limites, pouca orientação e atenção dos pais, famílias desajustadas, maus exemplos, ignorância das próprias fraquezas emocionais, uso de drogas, aliados a idéia que todos os problemas dos jovens são provocados pela adolescência, somam condições ideais para a manifestação de ações violentas.

A personalidade de uma pessoa é a soma de vários sistemas físicos, fisiológicos, morais e psíquicos que interagem, determinando a forma como o indivíduo se adequa ao meio em que vive. Esse conjunto é resultado de um processo gradual que vai da infância até a vida adulta, sendo que suas características podem se modificar de acordo com o autoconhecimento.

Um desfecho, como o ocorrido em Santo André, não acontece por acaso. É resultado de uma ação decidida no silêncio do quarto, por não se aceitar uma frustração ou por não encontrar recursos emocionais suficientes para compreender um "não". Vale salientar que, apesar da imaturidade de conseqüências trágicas, aos 22 anos, idade de Lindemberg, a pessoa já é um adulto.

Para a adolescente morta, era somente um namorado, sete anos mais velho, que ela não queria mais, mas para ele não era assim. Segundo os relatos dos jornais e revistas, Limdemberg já vinha ameaçando a moça e seus pais já sabiam. O que faz os pais desvalorizarem as ameaças de um homem contra sua filha?

Primeiro, provavelmente, a falsa segurança alimentada pelo simples fato de que o conheciam. Depois, que essas coisas de seqüestro e morte são para bandido e ele, até então, não era bandido. Esse tipo de ingenuidade não é incomum. A maioria dos pais desvalorizam todas as perturbações emocionais dos jovens, atribuindo-as a imaturidade, seus exageros e incertezas.

Todos sabem que está mais difícil criar os filhos, que as realidades mudaram muito, mas há certos valores que são atemporais: ameaçar as pessoas, acuá-las, constrangê-las, intimidá-las moralmente, cometer atos violentos ou cruéis, empregar força física contra alguém, são situações inadmissíveis a qualquer momento da vida.

Os pais devem proteger seus filhos menores de idade e não desvalorizar qualquer manifestação de violência, independente das circunstâncias. Isso é hoje uma questão de sobrevivência.


Nota do Editor: Silvana Martani formou-se pelo Instituto Unificado Paulista - UNIP em 1982. Psicóloga clínica, com larga experiência em atendimento psicoterápico de adolescentes e de adultos, tanto em consultório como na Clínica de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde trabalha há 25 anos. É Docente da Residência Médica em Endocrinologia do Hospital Real Beneficência Portuguesa de São Paulo e autora de inúmeros artigos publicados em revistas e jornais de todo país nos últimos quatro anos. Autora e organizadora dos livros: Manual Teen - 2008 pela WAK editora e Viagem pela Puberdade - 2007 editora Aldeia Cultural.

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