02/09/2025  21h41
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
04/11/2008 - 11h08
A greve, o secretário e a corrupção
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O secretário da Segurança Pública de São Paulo - com sua declaração de que a greve na Polícia Civil tem relação corporativa com o escândalo nacional do crime das carteiras de motorista fraudadas por policiais na Ciretran de Ferraz de Vasconselos - perdeu excelente oportunidade de continuar calado. No afã de desqualificar a paralisação trabalhista, tentou espalhar a pecha de corrupta a toda a polícia. Como chefe da Segurança Pública, feriu a dignidade de uma instituição centenária, com larga folha de trabalho à comunidade, e de seus milhares de servidores.

Tivesse continuado quieto, como fez desde o início do movimento, poderia, no máximo, continuar sendo acusado de chefe de polícia omisso. Mas, agora, deve explicações a toda a classe e à sociedade sobre o que realmente pretendeu dizer ao estabelecer comunicação entre a greve e o crime das carteiras, descoberto pela própria polícia e hoje em apuração na Justiça. É absurdo alguém pensar que os policiais de todo o Estado perderiam seu tempo para apoiar colegas ditos errantes que hoje enfrentam os rigores da Justiça. A classe quer apenas a recomposição dos seus salários, que o governo, sob desculpa de seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal, sucateou ao protelar até a reposição inflacionária ao longo de pelo menos 12 anos.

Embora toda classe tenha suas lideranças e o jogo político interno, é importante lembrar que sempre foi o governo quem nomeou os bons ou maus dirigentes da polícia. Por mais interferência que as "forças" da classe tenham, quem tem a caneta para nomear é só o governador. Assim, buscar um eixo secundário para a greve, soa falso e demonstra que o secretário e o próprio governo ignoram a polícia e, em vez de cumprir sua obrigação de apurar, tenta fazer uma gravíssima cortina de fumaça para esconder a dura realidade criada pela sua política salarial.

Para identificar singelamente o motivo da greve, basta pegar o salário de um policial no mês de abril de 1995 e ver o quanto recebe hoje alguém do mesmo posto. Ficará claro que nem a reposição inflacionaria foi feita nesse período. A partir daí será fácil entender as razões do movimento, que não se estende também à Polícia Militar só porque os militares são legalmente impedidos de fazer greve.

O governo paulista precisa encarar com mais seriedade a questão salarial do funcionalismo. Não pode continuar usando os artifícios das gratificações temporárias e localizadas pois, com esse procedimento, só consegue sucatear as carreiras. Joga os policiais para trabalhar no ilegal "bico", como complementação dos baixos ganhos no Estado.

O secretário agride toda a classe e, quando se fala na reivindicação salarial, adota a posição de Pilatos, dizendo que a questão agora é um problema dos deputados. Espera-se que a Assembléia Legislativa demonstre mais juízo que o governo e faça todo o possível para atender com justiça a classe dos policiais e superar os reais motivos da greve que, a cada dia, segue para níveis mais perigosos.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.