Uma perda é sempre algo que nos incomoda. Pode ser a perda de uma chave, do ônibus, de dinheiro, de um relacionamento, de um sonho. E, claro, a perda de alguém. Saber lidar com perdas deveria ser um dos nossos grandes aprendizados na vida. Nesses momentos, tentamos nos agarrar a pequenos detalhes, desculpas insólitas, ou a soluções para nos confortar. Mas, uma coisa é certa: só Deus não vai embora. A morte, por exemplo, se tornou um tabu em nossa sociedade. Foi confinada às UTIs dos hospitais, escondida das crianças, e apagada das conversas. Numa cultura que valoriza o prazer e o sucesso, ninguém gosta de destacar as perdas. Há pouco tempo, uma garota de 19 anos me contou sobre a perda de sua mãe, cinco anos atrás. Apesar dos detalhes amargos, já que se tratou de um assassinato, constatei que não se perde ninguém quando se traz essa pessoa no coração, sempre. Ela deu um lindo exemplo de pregação do Evangelho ao dizer que não guardava rancor do assassino. Evangelho da vida. Nos olhos daquela menina percebi que a morte em si não tem a última palavra. A vida, sim, tem a última palavra. Palavra de ressurreição. Aquela menina de olhos serenos não se deixou levar para lugares sombrios a partir do momento em que foi brutalmente separada da convivência com a mãe. Ao contrário, guardando-a no coração adentrou no mistério de eternidade: todos vão embora; só Deus não vai embora. E ao guardarmos a lembrança dos nossos entes amados que se foram junto de Deus, acabamos por eternizá-los. Nós não ficamos de luto apenas quando morre um ente querido. Sofremos perdas desde que nascemos: perda de amigos de escola, de emprego, divórcio, mudanças repentinas. Há fases do nosso desenvolvimento que também envolvem perdas, como perder a inocência da infância para se chegar à adolescência. Ou, ainda, a perda da casa dos pais quando se vai casar ou morar sozinho. São questões existenciais que precisamos enfrentar. Saber lidar com o limite é saudável, não só do ponto de vista humano, mas também do cristão. Nos olhos daquela menina que ’não’ perdeu a mãe, aprendi que muitos morrem estando vivos. É o luto diário que vivemos quando fazemos nossas escolhas. Com certeza, sofremos muitas vezes por aquilo que tivemos de abrir mão em virtude de uma escolha sensata. É humano e salutar. Portanto, precisamos nos entregar a Deus na confiança de que Ele providenciará o melhor para as nossas vidas. Nota do Editor: Adriano Gonçalves é apresentador do programa Revolução Jesus, que vai ao ar toda segunda, terça, quarta e sexta-feiras na TV Canção Nova. (www.cancaonova.com).
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