Quem manda no mundo? Responder a essa questão é responder ao essencial em ciência política. A vitória de Barack Obama é um emblema dos tempos e responde adequadamente à pergunta, embora seja verdade que quem manda no mundo não são os EUA. É só ver como a vontade do Estado norte-americano não é levada em conta em toda parte, a começar pela diplomacia brasileira. Mesmo no Iraque em guerra, onde rebeldes insistem em resistir. É bom que se diga desde logo essa verdade. Quem manda no mundo são os seguidores do socialismo, que obtiveram vitórias esmagadoras no mundo todo, inclusive agora com Obama nos EUA. Idéias é que mandam no mundo. A esquerda mundial comemorou, com razão, a vitória do novo presidente. Ele é o ícone dessa gente que vê no Estado a alavanca para todos os problemas da humanidade. Os EUA vêm praticando políticas socialistas desde o início do século XX, quando socialismo lá era conhecido pela alcunha de progressismo, um irmão gêmeo do fascismo. Desde então a coisa tem piorado e apenas em momentos episódicos, como na Era Reagan, tentou-se reverter o processo. Em vão. O Legislativo já estava inteiramente tomado pela crença estatista, assim como a imprensa, a juventude universitária e a esmagadora maioria da opinião pública. A eleição de Obama foi uma mera conseqüência. Claro, a crise econômica fez a sua parte nas eleições, chegando em um momento adequado para destruir qualquer pretensão eleitoral dos adversários. O problema é que a crise econômica que estamos vivendo é conseqüência direta do gigantismo estatal daquele país, fato que é revelado pelos mastodônticos déficits gêmeos, raiz primeira da crise. Ela deriva também de decisões alucinadas, como a de obrigar o sistema bancário a emprestar a clientes que, de antemão, sabia-se incapazes de pagarem suas dívidas, como no caso dos sub-prime. O estouro da bolha imobiliária era um fenômeno perfeitamente previsível. A formidável onda inflacionária gerou a falsa prosperidade, cujo preço agora está sendo cobrado. Quando as informações de como funcionava o sistema de crédito vieram a público foi um espanto, tamanha a irresponsabilidade do que foi feito. A conclusão é bem simples: os EUA e o mundo precisam desesperadamente de estadistas que governem exatamente contra as idéias socialistas, pois elas não apenas não têm como resolver os graves problemas, como tendem a agravá-los rapidamente. O socialismo é um conjunto de crenças falsas sobre a realidade, sendo a primeira, e a mais importante, a promessa de abolição da lei da escassez e, junto com ela, a promessa de felicidade pela isenção impossível do trabalho duro e diligente que cada homem tem que realizar na sua existência. Obama prometeu precisamente isso. E vai querer concretizar a promessa. Se esse prognóstico for correto é certeza que a economia dos EUA entrará em parafuso, levando junto o mundo inteiro. Mudança, o slogan tão repetido, é o que não houve. A estrutura de poder é que foi reforçada. Há muito os conservadores estão em decadência política. Obama, como Lula, é o homem-massa no poder. O socialismo é a crença típica do homem-massa. Governantes assim não conduzem a massa, são por elas conduzidos. Eles não têm como acordar de seu sono hipnótico e não têm como acordar as massas de suas ilusões. Esses governantes deixam-se levar pelos urros da multidão, sem saber muito bem o que fazer pelo simples fato de não compreenderem o real. O Estado é uma ferramenta para algumas coisas, mas não para outras. Mas esses novos príncipes passaram a vida toda se iludindo com falsas teorias e palavras de ordem do tipo “um outro mundo possível”. O fato é que não há outro mundo, apenas este aqui, que deve ser compreendido para poder ser adequadamente governado. Tentar abolir a lei da escassez é uma alucinação perigosa. Essa alucinação leva ao ativismo político. Decisões em série serão tomadas, desde a posse, seja para debelar a crise, seja para atender aos anseios da massa. A cada decisão que não vingar, a cada lei inútil promulgada, mais o ativismo crescerá. A explosão de violência poderá ser a verdadeira bolha que nos espera na curva da história, como já houve no passado. A guerra será sempre a solução final, a trazer a humanidade para a sua perversa condição, de criatura orgulhosa e incapaz de se enxergar no seu próprio tamanho. Quem viver verá. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.
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