Nunca parar de lutar. Essa foi a frase repetida por vários participantes do debate sobre HIP HOP E INCLUSÃO SOCIAL que ocorreu no auditório da Câmara Municipal de Ubatuba nesta sexta-feira. E a maior prova desse desejo era a presença de jovens de Ubatuba e de outras cidades para discutir a importância do hip hop na vida deles. E apesar do cancelamento da participação de alguns grupos devido à dificuldade de patrocínio, de transporte e estadia, o evento foi ampliado para três dias, abrangendo campeonato de skate, basquete de rua e free style. O debate organizado pelo Movimento Ritmologia de Rua, com apoio da Fundação Alavanca teve como convidadas a Cris, Lunna e Simone, do Grupo Livre Ameaça, da Grande São Paulo e o MC AKME, de Mogi das Cruzes. Foi uma roda de conversa e de troca de experiências entre os grupos convidados e os grupos daqui de Ubatuba, mediado pelo Jean, do Grupo Art Manos. Todas as falas apontavam a importância do hip hop ter dado uma direção e um sentido para a vida. Quase todos exercem outras atividades para sobreviverem e os eventos acontecem pela colaboração de todos. Para eles, a gravação de um CD representa a concretização de um sonho, mas a falta de recursos econômicos tem levado os jovens a se valerem da internet para divulgarem seus trabalhos e estabelecer contatos com outros grupos. O psicólogo Luis, do COMAD – Conselho Municipal Antidrogas, destacou a importância do movimento hip hop nas ações na área da saúde e de prevenção, por seu grande poder de comunicação com os jovens. Pretende, junto com o grupo de Ubatuba, se empenhar na elaboração e sistematização de um projeto de intervenção na área da saúde. O grupo discutiu ainda as seguintes propostas: a) necessidade de estudo e elaboração para que o free style (um tipo de repente, de desafio poético) ganhe maior consistência de conteúdo, ultrapassando a mera rima e apelo para os aplausos das torcidas; b) necessidade de não se perder o caráter de contestação e de luta pelos direitos; c) a necessidade de elaboração de projetos de captação de recursos com critérios mais claros para evitar a cooptação e submissão política e garantir maior independência de atuação; d) necessidade de união dos jovens de vários grupos – hip hop, skatistas, surfistas... - para fortalecer a luta de todos; um exemplo disso seria a campanha para a reforma da pista de skate, ponto de encontro da juventude de Ubatuba. No encerramento, o Bob, grande liderança do Ritmologia de Rua, enfatizou a necessidade de sempre levar a informação e a história do movimento. O Jean realçou a visibilidade que o movimento ganhou com a parceria com a Fundação Alavanca, dirigida pela educadora Sonia Bonfim. Rui Alves Grilo ragrilo@terra.com.br
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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