A fusão Itaú-Unibanco, além de gerar o maior banco brasileiro, superando até o oficial Banco do Brasil, que luta internamente para se safar das ingerências político-governamentais, deflagrou o saudável processo de modernização no setor financeiro. Outras instituições já se preparam para reagir à meganegociação dos Setubal e Moreira Salles, para também continuarem competitivas. E fazem isso diante dos bancos internacionais que já chegaram ao mercado local. O processo - que deverá se estender também a outros setores da economia - segue a uma tendência mundial e demonstra a maturidade do empresariado nacional que, mesmo diante da crise mundial anunciada em prosa e verso e explicitada no comportamento do câmbio e das bolsas de valores, ousa empreender e modernizar seus negócios. Espera-se que o governo, cuja participação mais significativa na economia tem sido a cobrança de altos impostos e a prática de uma política de juros elevados, faça pelo menos a sua parte e conduza a política econômica oficial de forma a apoiar a iniciativa privada e a deixá-la trabalhar e cumprir sua vocação de alavancagem ao desenvolvimento nacional. Com todas as dificuldades e incertezas econômicas pré e pós Real, o empresariado brasileiro nunca deixou de investir e fortalecer seus negócios. Desde a abolição da escravatura, há 130 anos, passando pela profissionalização da agricultura, instalação da indústria extrativista, de bens de consumo e de alta tecnologia, podemos identificar uma grande caminhada onde os brasileiros conseguiram inserir nosso país no mercado internacional. Hoje temos as mais importante construtoras atuando mundo afora, a indústria automobilística que disputa mercado com os tradicionais centros do ramo, a grande e controversa indústria energética (petróleo, etanol e biodiesel) e os nossos empresários do setor financeiro preparam-se para a grande arrancada internacional, movidos pelas oportunidades da globalização. É comum dizer que o Brasil caminha para um grande futuro, independentemente de quem esteja no governo. A prática e o desencanto gerado por atitudes dos governantes e seus circundantes muitas vezes levam a esse raciocínio pessimista. A classe política precisa adotar medidas concretas para provar que essa "verdade popular" não chega a ser uma verdade. Se, de um lado, temos uma importante economia gerada e administrada pelo mundo dos negócios, é bem verdade que possuímos uma dívida social astronômica com a própria população. Um país com todo esse desempenho econômico não pode continuar assistindo passivamente a seus cidadãos morrerem sem atendimento nas portas dos hospitais, escolares diplomados sem saber ler e escrever, o desemprego em altos níveis e a segurança pública perdendo terreno para o crime organizado. Precisamos encontrar um meio de, também, fundir a competência e as virtudes do meio empresarial com a inoperância e a falta de ação do setor público para, dessa fusão, se possível, sacar a grande nação que sempre sonhamos. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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