Analisando a tabela abaixo verificamos que o índice de mortalidade oscila muito para mais e para menos e o resultado médio só é melhor que Caraguatatuba, o pior do Litoral Norte, contrariando a visão de muitos ubatubenses que vêem Caraguá como um Eldorado da região. Ilhabela exibe a melhor média, mas representa uma piora alarmante nos resultados quando se compara 2007 com os anos anteriores. Quando se compara o índice de Ubatuba com o Brasil, parece satisfatório porque, de acordo com o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008, divulgado pelo UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), a estimativa para este ano é de que, em cada grupo de mil crianças nascidas vivas no país, 23 morram antes de completar um ano de idade. O índice brasileiro só não é maior do que o da Bolívia, com 45 mortes, e o do Paraguai, com 32. CIDADE - 2003 - 2004 - 2005 - 2006 - 2007 - MÉDIA 2003/2007 UBATUBA - 15,5 - 17,9 - 16,4 - 16,6 - 14,8 - 16,2 CARAGUÁ - 17,5 - 20,2 - 19,1 - 16,3 - 18,9 - 18,4 ILHABELA - 9,5 - 8,3 - 9,1 - 14,8 - 17,1 - 10,7 S.SEBASTIÃO - 15,3 - 16,3 - 17,7 - 11,2 - 9,7 - 14,1 Fonte: Fundação SEADE - taxas de mortalidade infantil 2003/2007 por mil nascidos No entanto, quando se compara com o índice do Estado de São Paulo - 13,1 óbitos de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas -, se percebe o quanto é necessário melhorar para reduzir esses vergonhosos índices. E para isso é necessário pensar quais seriam as causas. O Governador José Serra, ao analisar o desempenho de São Paulo, apontou como fatores da redução: 1) a vacinação, pois o Brasil vai bem nessa matéria e São Paulo vai melhor ainda; 2) saneamento, porque São Paulo continua investindo em saneamento, não apenas na Sabesp, como é o caso da Baixada Santista, mas também a fundo perdido, com programas que nós temos com os municípios de menos de trinta mil habitantes; 3) a melhoria do atendimento médico, especialmente no pré-natal e no parto. Há estudos que apontam a diminuição da fecundidade como um dos fatores mais decisivos para a redução da mortalidade, porque o aumento do número de filhos agravaria as condições socioeconômicas, já bastante precárias. O índice de mortalidade infantil é um dos grandes indicadores de como anda a saúde do local pesquisado, como também entra na composição de vários outros índices, como o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Para tornar o mundo mais solidário e mais justo, durante a reunião da Cúpula do Milênio, realizada em Nova Iorque, em 2000, líderes de 191 nações indicaram a redução da mortalidade infantil como um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), pacto este assinado pelo Brasil, cujas metas devem ser alcançadas até 2015. De acordo com estudos e projeções publicados pelo Ministério da Saúde em janeiro de 2008, o Brasil atingirá a Meta do Milênio de redução da mortalidade infantil antes do prazo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). O país reduzirá dos atuais 21,2 óbitos por mil nascidos vivos para 14,4 até 2012, três anos antes da data prevista pela ONU (2015). Será que Ubatuba alcançará essa meta? Rui Alves Grilo ragrilo@terra.com.br
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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