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Opinião
19/11/2008 - 09h12
Krugman, o alquimista
Rodrigo Constantino - Parlata
 

O Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver à custa de todo mundo.” (Frédéric Bastiat)

Em seu recente artigo “Economia da Depressão”, o economista Paul Krugman defende a gastança do governo como solução para a crise. As crenças keynesianas de Krugman estão mais vivas que nunca, e o autor inverte a lógica econômica toda, achando que o consumo em alta é que gera investimentos produtivos, que por sua vez gera crescimento econômico. Eis o raciocínio dele:

“A alta do desemprego resultará em redução do consumo... O consumo fraco levará a cortes nos planos de investimentos das empresas. E a economia enfraquecida resultará em novas perdas de empregos, o que gerará um novo ciclo de contração”.

Não deixa de ser bem curioso ver os mesmos economistas que sempre condenaram o “excesso de consumo” dos americanos, colocando agora a culpa da crise na... queda do consumo dos americanos! Ora, se o mal fora causado justamente pelo consumismo desenfreado, segundo eles mesmos, um corte no consumo não seria parte da solução dos problemas? Que lógica econômica é essa que condena o consumo pela crise e demanda mais consumo como solução?

Paul Krugman defende claramente a irresponsabilidade fiscal do governo como meio para resolver a crise. Ele diz isso com todas as letras:

“Quando a economia da depressão prevalece, regras usuais da política econômica deixam de se aplicar: a virtude se torna vício, a cautela é arriscada e a prudência é insensatez. [...] Em momentos normais, é bom se preocupar com o déficit orçamentário e responsabilidade fiscal é uma virtude que teremos de reaprender assim que passar a crise. Quando a economia da depressão está em vigor, porém, essa virtude se torna vício. [...] Por fim, em tempos normais, modéstia e prudência quanto às metas de uma nova política costumam ser boas. Nas condições atuais, porém, é muito melhor pecar pelo exagero do que pela cautela. O risco, caso o plano de estímulo venha a se provar mais forte que o necessário, seria o de que a economia se reaqueça e gere inflação, mas o Federal Reserve sempre pode combater essa ameaça por uma elevação nas taxas de juros”.

A constatação na epígrafe do economista francês do século XIX nunca foi tão verdadeira. De fato, todos parecem encarar o governo como uma força divina, um ente abstrato que produz recursos do nada. De onde o governo obtém seus recursos? De Marte, por acaso? Ora, o governo pode levantar recursos apenas tirando da sociedade, ou seja, criando impostos ou emitindo dívida. Quando o governo gasta mais do que arrecada, como sugere Krugman, ele está apenas hipotecando o futuro daquela sociedade. Esses macro-economistas que adoram dados agregados, esquecendo que existem apenas indivíduos concretos, não são muito diferentes dos alquimistas, que acham ser possível fazer ouro do nada.

Uma reflexão sobre Robinson Crusoé sozinho numa ilha evitaria muitos erros grosseiros em economia. Pensando em termos micro, ficaria evidente que para consumir é preciso antes produzir, e que consumir à base de crédito é apenas trocar consumo futuro por consumo presente. Mas a conta deve ser paga sempre! Se o consumo sem lastro na produção fosse mesmo a locomotiva do crescimento econômico, e se o governo pudesse estimular isso imprimindo moeda e gastando, não haveria miséria no mundo faz tempo! Para quem entende isso, fica claro que a proposta de Krugman, pela irresponsabilidade fiscal do governo, significa apenas jogar para o futuro os problemas. O que Krugman está sugerindo, sem rodeios, é produzir um crescimento artificial no presente, deixando a conta para ser paga no futuro.

Em termos individuais, seria o mesmo que alguém, passando pela necessidade de aperto nos gastos, simplesmente tomar mais dívida com um agiota para manter o consumo presente. Enfrentar a dura realidade de que gastou por conta antes, e que agora deverá sacrificar o consumo para poupar novamente, não passa pela cabeça dos alquimistas. Para estes, a recessão é um mal que deve ser evitado a qualquer custo, mesmo ao custo da inflação, o imposto mais perverso para os pobres. Em tempos de crise, tudo vale para essa turma, como se a lógica econômica fosse alterada por conta da crise. Seria como ignorar a lei da gravidade num momento de crise, simplesmente porque me recuso a aceitar a inevitável queda após pular de um prédio. As leis econômicas não podem ser manipuladas pelo governo. E é realmente espantoso que um economista que acaba de ganhar o Prêmio Nobel ignore este fato. Estão transformando a ciência econômica num misticismo tolo, e o mais novo Nobel de economia não passa de um grande alquimista.


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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