A prática da crueldade contra a vida tem chegado a limites tão alarmantes que agora se estende a aqueles que ainda estão no ventre de suas mães. Esse é um dos momentos, num mundo cheio de conflitos, em que a unanimidade é cada vez mais inconseqüente e a força internacional se instala no território geográfico. Mais do que isso, chega também ao território do coração, levando as pessoas a negarem o direito à vida. Nessa hora, a paz interior é apenas um momento descaracterizado no tempo. Homens lotam tribunais e, entre aplausos esfuziantes, buscam levantar uma nova ordem: a legalização do aborto. O uso indiscriminado do poder, que consagra a morte de seres indefesos sob diversos pretextos, leva de volta à velha discussão. Entre os argumentos, o fim do aborto clandestino e suas clínicas, pressão do movimento feminista, que busca a todo custo provar que a mulher tem total poder sobre o seu corpo. Argumentos inconsistentes e pobres teimam em implantar no mundo a cultura da morte, escondida e respaldada por uma lei. Legalizar nada resolve. A lei não vai acabar com o aborto criminoso nem diminuir a quantidade de nascimentos. O controle de natalidade é muito mais que prevenção. É planejamento familiar, consciência do mundo, da família e da vida. A lei do aborto não vai trazer novos espaços ou direitos às mulheres na sociedade. Ao contrário, ainda irá lhes tirar a dignidade ao negar seu ser materno. Desde a concepção, o embrião deve ser cuidado e defendido sem manipulações contrárias à sua dignidade como ser humano. Diante de tudo isso, desponta uma inquietação: é possível conciliar a cultura da vida com a cultura da morte? Até onde o ser humano pode dispor de sua existência? Até onde Deus é o Senhor da vida dessas pessoas? Vivemos um momento em que se nega a igualdade de todos perante a lei. Desde a mais tenra infância, aprendemos com o Catecismo da Igreja Católica que "os direitos inalienáveis da pessoa devem ser reconhecidos e respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política. Os direitos do homem não dependem nem dos indivíduos, nem dos pais, e também não representam uma concessão da sociedade e do Estado: pertencem à natureza humana e são inerentes à pessoa em razão do ato criador do qual esta se origina. Entre esses direitos fundamentais é preciso citar o direito à vida e à integridade física do ser humano, desde a concepção até a morte". O cristianismo vai sempre lutar pela vida. Mas, não se trata de uma atitude meramente cristã. É algo que pertence a toda humanidade que vive apreensiva, lutando e esperando pelos próximos capítulos da história que o mundo está escrevendo. Por ora, só nos resta fazer uma prece pela humanidade. Nota do Editor: Francisco Barbosa é missionário da Comunidade Canção Nova (www.cancaonova.com).
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