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Opinião
20/11/2008 - 10h06
Meus grandes espantos
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Meu caro leitor, vou lhe confessar as coisas que realmente me espantam profundamente no plano político e econômico. A primeira delas é que o longo reinado de Lula não trouxe a radicalização que se esperava. O jeito tupiniquim de fazer as coisas tem a sua marca e Lula é um legítimo filho da terra. Nós, brasileiros, somos o que somos até ao pretender fazer revolução. Desde a famosa Carta ao Povo Brasileiro que já se podia perceber, não a concessão ao princípio de realidade, mas sim, a venda ao melhor preço da convicção dos revolucionários de véspera.

Terá sido isso talvez o grande bem coletivo que a classe empresarial brasileira fez, de domesticar o PT pela sedução do dinheiro. Não seria assim se Lula fosse um Lênin. Vimos depois como Lula descartou Dirceu, Palocci, Delúbio, Gushiken, Genoino e demais “companheiros” caídos em desgraça. Não o fez por convicção, mas por puro cálculo político. Mesmo a ala vermelha católica, que lhe apoiou incondicionalmente, que sempre pediu auditoria sobre a dívida externa e coisas do gênero, aquietou-se na regra do compadrio e da boquinha. O MST, que crescia a cada ano e que formava uma ameaçadora milícia revolucionária, empanturrou-se com as verbas do INCRA e aquietou-se. Saiu das manchetes dos jornais.

Aqueles que fizeram os dirigentes petistas escreverem a famosa Carta sabiam muito bem o significado da expressão “o preço de um homem”. Claro, o governo Lula foi essa dança contínua em torno do tema da corrupção, ora mais ora menos afogado na lama, mas há que ser dito que não houve, em momento algum, crise institucional. Até aqui tivemos seis anos pacíficos e se abre agora a possibilidade de haver uma passagem de poder de Lula a um sucessor eleito no meio da oposição. Espero que assim seja, mesmo que saibamos que nossa oposição é um tanto postiça. Todos, situação e oposição, comungam das teses igualitaristas e socialistas por igual. Acaba-se sempre trocando seis por meia dúzia e a turma da boquinha se locupleta fartamente (peço emprestado aqui ao ilustre Roberto Jefferson a genial expressão, que entrou no glossário político nacional).

O certo é que a tese do terceiro mandato saiu completamente da agenda política e no PT não há um nome capaz de unir as forças que levaram Lula ao poder para encabeçar uma possível chapa vitoriosa. Os movimentos do PMDB indicam que o “Centrão” já se moveu na direção do novo príncipe e que esse movimento é irreversível. As eleições da cidade de São Paulo indicam o provável caminho e que o PT está fora do páreo. Ao sugerir a ministra Dilma Rousseff para sua própria sucessão Lula fez menos um ato de esperteza política do que uma confissão de impotência. Nenhum nome com chance em 2010 a cargo majoritário na legenda do PT estaria disposto ao sacrifício de caminhar para uma derrota certa.

Assim o Brasil faz a sua lenta revolução. Enquanto ela não chega inteira nossos revolucionários locupletam-se como podem nos cargos do Estado.

A segunda grande surpresa foi ter tardado a crise econômica mundial ora em curso. Pouco antes de Olavo de Carvalho ir morar nos EUA ele esteve em minha casa (deve ter uns três anos) e me perguntou o que eu achava que ia acontecer na economia mundial. Eu lhe disse: “Olavo, a inflação em dólar já deveria estar alta, a recessão deveria ter acontecido, mas os gringos, por algum milagre que me escapa, estão vivendo uma prosperidade nunca vista. A ciência econômica não endossa isso, é um castelo de cartas. Um evento marcante, uma guerra ou um cataclismo isolado pode vir a ser o detonador de uma grave crise mundial”.

Nem precisou disso. Bastou estourar a bolha imobiliária, que àquela altura eu desconhecia como estava sendo construída. Acho até que fora dos “operadores” daquele mercado pouca gente sabia do monstro que estava sendo parido. Surpreendeu muita gente, inclusive a mim.

O certo é que a ciência econômica nunca se enganou e a crise veio. A crise não me surpreendeu, todavia, exceto por ser tardia. Mas antes tarde do que nunca. Nada pode substituir a realidade como ela é.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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